Em janeiro de 2015, o administrador de empresas Renzo Oliveira Santos Colnago assumiu a Presidência do Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo (Prodest) cheio de pompas. Jovem, Renzo Colgnago teria sido indicado para cargo por sua ligação com um grupo de empresários bem sucedidos capixabas.
Aos poucos, Renzo Colgnago foi imprimindo seu ritmo na empresa, ao ponto de ser elogiado pelo governador Paulo Hartung, que se orgulha de estar “sempre acertando na escolha dos integrantes de sua equipe” de governo.
Renzo Colgnago, no entanto, foi caindo em desgraça. Em julho de 2017, ele foi exonerado pelo mesmo Paulo Hartung do cargo de diretor-presidente da Prodest. Foi substituído pelo administrador Paulo Henrique Rabelo Coutinho.
Renzo começou a perder espaço com o governador quando iniciaram denúncias de supostas irregularidades na Prodest sob sua gestão. Uma delas foi a contratação de uma empresa – Alterna Telecomunicações Ltda – que já havia sido multada pelo próprio governo do Estado em R$ 165.517,60 por apresentar um documento falso para vencer uma licitação na Secretaria Estadual de Saúde em 2015.
Com a Prodest, a Alterna venceu um dos lotes para prestar “serviços de telecomunicações necessários à implantação, operação, manutenção e gerenciamento de uma rede IP multiserviços, incluindo todos os serviços, materiais e equipamentos necessários à conexão entre os pontos de acesso”. Esse fato ocorreu em abril de 2017.
Em julho do mesmo ano, Renzo Colgnago deixou a Presidência da Prodest. Porém, não perdeu a pose. No mesmo dia, foi nomeado para o cargo de provimento em comissão de Assessor Especial Nível III – QCE01, da Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger). Pode ter sido rebaixado de cargo, mas permaneceu no governo.
Entretanto, entre julho e dezembro de 2017 as acusações de supostas irregularidades na Prodest passaram a ser alvo de investigação por parte do Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Devido às investigações, o Tribunal de Justiça abriu um procedimento em desfavor de Renzo Colgnago.
O caso foi para o Tribunal de Justiça porque, na mesma investigação, aparece também o nome do secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Octaciano Gomes de Souza Neto, que, por sua vez, tem prerrogativa de foro por ser secretário de Estado.
Tão logo tomou conhecimento da investigação, o governador Paulo Hartung fez chegar a Renzo Colgnago que sua permanência no governo – mesmo em cargo de menor porte, como o de Assessor Especial da Seger, onde tinha status de subsecretário e cuidava de projetos na área de Informática – estaria insustentável. Por isso, Renzo “pediu” exoneração do cargo e voltou à atividade privada. A exoneração dele foi publicada no Diário Oficial do Estado de 26 de dezembro de 2017.
Já o secretário Octaciano Neto continua prestigiado junto ao governador Paulo Hartung. Além do procedimento em que ele responde ao lado de Renzo Colgnago, há outros três instaurados pelo Tribunal de Justiça. Em outro procedimento, Octaciano está ao lado do servidor público Eduardo Chagas, que, na quinta-feira (28/12), foi exonerado da Função Gratificada de Coordenador de Projetos (Referência COD-FG III), da Seag.
Na Secretaria de Agricultura, Eduardo Chagas era responsável pelo gerenciamento dos contratos do Programa Caminhos do Campo e Barragens, que vem sendo alvo de investigação no âmbito do MPES.
Outro nome que aparece em um dos procedimentos junto com Octaciano Neto é o do servidor público da Seag Zacarias Carraretto, que já foi secretário de Obras de Vitória na gestão de Luciano Rezende. Zacarias deixou o cargo na gestão municipal de Vitória em maio de 2016.
Em setembro de 2017, ele foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado em uma ação movida pelo Ministério Público de Contas. Em razão de ter republicado, em 2015, editais de licitações para contratar empresa para manutenção, pequenas reformas e pequenas obras mantendo as principais irregularidades questionadas pelo Ministério Público de Contas (MPC) em editais de 2013 anulados pela Prefeitura de Vitória e alvo de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o MPC, o ex-secretário de Obras Zacarias Carraretto foi condenado a pagar multa no valor de R$ 15 mil.