Os policiais civis do Espírito Santo estão corretos em reivindicar aposentadoria especial com 30 anos de atividade. Mas estão equivocados ao paralisar atividades essenciais para a população, como o não recolhimento de corpos em locais de mortes violentas e o fechamento do Departamento Médico Legal (DML).
É bom lembrar que a categoria ganhou o direito no Supremo Tribunal Federal de se aposentar com 30 anos de trabalho e o Instituto de Pensões e Aposentadorias Jerônimo Monteiro (IPAJM) dos servidores públicos ao pleito.
Entretanto, o governador Renato Casagrande repassou o problema para seu secretário de Gestão e Recursos Humanos, Heráclito Amâncio Pereira (um dos remanescentes do governo de Paulo Hartung).
Em vez de levar em conta a decisão do STF e do IPJM, Heráclito Pereira empurra com a barriga a situação, levando o caso para a Procuradoria Geral do Estado. Tudo seria uma questão de decisão política, se o governador Renato Casagrande assim quisesse.
Os policiais civis, então, decidiram radicalizar nesse primeiro momento. Suspenderam serviços essenciais, para prejudicar a população e peitar o governo. Deixaram de recolher, somente na segunda-feira, seis corpos. Hoje, a situação volta ao normal. Até quando?
Está na hora de o governo ser mais sensível e menos burocrático. Deveria ver qual foi a decisão do Supremo, a Corte maior do Judiciário brasileiro, e adotar o que outros estados mais avançados do País já vêm praticando, que é o de reconhecer que policiais civis também têm direito à aposentadoria aos 30 anos de serviço.
Renato Casagrande deve se lembrar muito bem que no governo de Albuíno Azeredo o Espírito Santo viveu a mesma situação: policiais civis cruzaram os braços e deixaram de recolher corpos de vítimas de violência. Nosso Estado, de novo, foi manchete negativa na imprensa mundial.
Casagrande deve se lembrar muito bem como foi o caos da segurança pública no governo de Vitor Buaiz, do qual ele foi o vice-governador. Sem uma política de melhorias salariais para os policiais civis e militares – estes fizeram até aquartelamento, com apoio dos comandantes de batalhões e do Comando Geral –, o Estado se afundou ainda mais na criminalidade.