Novo levantamento feito pela Polícia Federal aponta que a instituição tem atualmente 10.562 policiais ativos. De 2018 para 2019, 391 profissionais, entre agentes, escrivães, peritos, delegados e papiloscopistas, deixaram os quadros da instituição.
O efetivo de 2019 tem 1.113 policiais a menos que 2016, quando a instituição tinha o maior número de funcionários nos últimos cinco anos. Desde 2014, o número de policiais em atividade vem caindo na instituição e isso tem reflexos importantes nos serviços prestados à população.
“Ao longo de décadas, a PF foi a instituição que sofreu maior sucateamento, com poucos concursos, elevado percentual de cargos vagos, não obstante suas atribuições tenham aumentado em número e relevância”, pontua Tania Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal de São Paulo (SINDPF) e diretora da Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF).
A contratação de 500 profissionais aprovados em concurso, e que já estão iniciando o treinamento, passa longe de resolver o déficit de policiais nas 123 unidades da PF espalhadas pelo País.
“Mesmo com o aproveitamento dos aprovados no concurso em andamento, o órgão está na iminência de sofrer mudança radical, haja vista a proposta de Reforma da Previdência, uma vez que, na lógica traçada pelo governo, policiais idosos não serão sucedidos por novos colegas, mas cruelmente irão trabalhar até a velhice na linha de frente. E seus dependentes não receberão a justa pensão quando do falecimento do policial”, acrescenta Tania Prado.
A Polícia Federal tem um déficit atual, segundo dados de janeiro deste ano, de 4.310 policiais, o que corresponde a 40,8% do seu efetivo. Para operar com sua plena capacidade, a instituição precisaria ter, em 2019, 14.872 policiais. Para piorar essa situação, há hoje na PF 1.900 policiais que podem pedir a aposentadoria a qualquer momento.
Déficit da PF por atividade
Delegados de polícia: 675
Peritos criminais: 127
Agentes: 2.414
Papiloscopistas: 129
Escrivães: 965
Fonte: Polícia Federal
Efetivo da PF por atividade
Delegados de polícia: 1.506
Peritos criminais: 1.068
Agentes: 5.773
Papiloscopistas: 447
Escrivães: 1.768
Fonte: Polícia Federal
Evolução do efetivo da Polícia Federal
2014: 11.153
2015: 11.409
2016: 11.675
2017: 11.354
2018: 10.953
2019: 10.562
Bolsonaro já autorizou a convocação de mil candidatos aprovados no último concurso
Apesar das cobranças das entidades de classe dos policiais federais, o governo Jair Bolsonaro vem buscando aumentar o efetivo da Polícia Federal. No dia 14 de abril, ele confirmou a convocação de mais de mil policiais federais aprovados em concurso público no ano passado.
A medida havia sido anunciada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, como parte das ações dos primeiros 100 dias de governo. Junto com o pacote anticrime, proposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e que está em tramitação no Congresso Nacional, a nomeação do novo efetivo para a Polícia Federal faz parte do plano para combater o crime organizado e a corrupção no país.
“O objetivo é compor gradativamente o quadro de inteligência, como no trabalho da Lava-Jato (combate à corrupção) e outros serviços de segurança nacional dentro do orçamento possível destes primeiros 100 dias de mandato”, escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter.
O concurso previa a contratação de 500 policiais, com nível superior de escolaridade, para as cinco carreiras policiais: 150 para delegado; 60 para perito criminal federal; 80 para escrivão; 30 para papiloscopista e 180 para agente de polícia federal. Mesmo assim, o presidente Bolsonaro autorizou a convocação de mil candidatos aprovados.