O pastor Júlio Cezar Costa, que ficou 84 dias como interventor judicial administrativo da Igreja Cristã Maranata, falou nesta quarta-feira (03/07) sobre a decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo em suspender a intervenção na igreja. Um dia antes do pastor conceder entrevista ao Blog do Elimar Côrtes, o desembargador José Luiz Barreto Vivas suspendeu a intervenção.
No dia 1º de abril deste ano, Júlio Cezar, que é coronel da reserva da Polícia Militar e professor universitário, foi nomeado interventor da Maranata pelo juiz titular da Vara de Central de Inquéritos, Marcelo Menezes Loureiro. A intervenção seria por 90 dias, podendo ou não ser prorrogada.
No entanto, em 24 de junho, o juiz Ivan Costa Freitas, da 8ª Vara Criminal de Vitória, destituiu o pastor Júlio Cezar Costa do cargo e nomeou o engenheiro Antônio Fernando Barroso Ribeiro novo interventor, que não ficou nem 10 dias no cargo.
Em 7 de maio, ao proferir decisão sobre alguns pedidos solicitados pelo então interventor da Maranata, o pastor e coronel Júlio Cezar, o juiz Marcelo Loureiro fez elogios à nova administração da igreja:
“Nessa talante, cumpre aqui elogios à nova administração, a qual se incumbiu de firmar límpido diálogo com este Juízo, mostrando-se preocupada em demonstrar que a Igreja Cristã Maranata pretende um bom relacionamento com os Poderes da República, merecendo ser protegida pelo Estado-Juiz, não por direito, mas também por sua postura”.
Agora, com a decisão do desembargador José Barreto Vivas de acabar com a intervenção, o Conselho Presbiteral, formado por nove pastores, voltará a atuar na igreja, assim como a parte administrativa contará com três diretores. Dez pastores da Maranata, acusados pelo Ministério Público Estadual de supostas práticas de irregularidades, continuam presos.
Os elogios de um magistrado numa decisão judicial deixaram o coronel Júlio Cezar muito mais aliviado com o trabalho desenvolvido à frente da administração da Maranata. Quando a Justiça decidiu pela intervenção administrativa na igreja, ouviam-se comentários pejorativos contra a Maranata. Quando o mesmo juiz Marcelo Loureiro decidiu que o interventor seria o coronel, pastor e professor universitário Júlio Cezar, a situação mudou: o que antes era pejorativo, passou a ser um ponto positivo para a igreja, com as pessoas comentando nas ruas que “agora a situação na igreja vai mudar. De fato, mudou.
“Com a ajuda de diversos colaboradores, reorganizamos e criamos um novo modelo de administração. Modernizamos a forma de gestão. Criamos processos mais rápidos e mais eficientes de atendimento a todos os seguimentos que lidam com a estrutura administrativa da igreja. E todas decisões foram convalidadas pelo Conselho Presbiteral em reunião extraordinária. Enfim, nos 84 dias em que estivemos à frente da administração, reestruturamos a organização burocrática da igreja”, afirma o pastor Júlio Cezar.
Ele acrescentou ter recebido convite para assumir uma posição na administração dentro da nova administração. No entanto, está avaliando o convite junto com sua família:
“Preciso avaliar, porque agora estou retomando minha atividade como professor universitário. Me afastei da Universidade de Vila Velha nos quase três meses em que estive à frente da administração da igreja”.
Júlio Cezar Costa analisa até mesmo sem muita paixão a crise vivida pela Igreja Cristã Maranata, que há um ano e meio está no olho do furacão. Passou de vítima a alvo de ataques do Ministério Público e de parte da imprensa:
“Nessa crise, a igreja cresceu em unidade, amadureceu na dignidade de lutar pelo Evangelho de paz; mostrou-se posta a buscar seus direitos enquanto cidadã. Foi muito bem sucedida pela forma que a Justiça do Espírito Santo, em segundo grau, se posicionou de modo técnico, sereno, firme e, sobretudo, reestruturando e preservando a Constituição Federal”.
Para o coronel e pastor Júlio César Costa, quem deve terá de pagar. “Mas os inocentes serão, certamente, absolvidos. Porém, continuo crendo na inocência, até prove em contrário em última instância da Justiça, da maioria das pessoas que foram presas. Este foi um processo exótico, porque a igreja se tornou vítima e, ao mesmo tempo, acusada. Tudo que aconteceu e que o Ministério Público Estadual denunciou foi a igreja quem apurou e encaminhou levantamento às autoridades. Uma instituição que não fosse séria e defensora das leis não faria isso”, disse Júlio Cezar.
Segundo ele, desde que se iniciou a crise, “algumas poucas pessoas, infelizmente, saíram da igreja”. Porém, afirma Júlio Cezar, o número não chega a 1% dos milhões de fiéis que a Maranata possui em todo o mundo.
“O bom é que muitos que saíram já voltaram e hoje percebem que o importante na Igreja Cristã Maranata não são os acertos e erros humanos, naturais de qualquer pessoa, mas a fé permanente na mensagem que o nome traz: Jesus voltará!”.
O pastor Júlio Cezar garantiu que em momento algum os fiéis da Maranata ou mesmo sua cúpula insinuaram fazer algum tipo de protesto contra a Justiça por ter colocado uma pessoa (o engenheiro Antônio Fernando Ribeiro) estranha à igreja como interventora administrativa da instituição:
“Os pastores da igreja colocaram seus fiéis para orarem ininterruptamente; nossa única forma de protesto é a oração. Nunca nos levantamos contra autoridades e nem faremos, pois toda autoridade para nós, biblicamente, vem de Deus”.
Segundo ele, a Maranata não realiza manifestação, “porque exercemos nossos direitos dentro da expressão constitucional em dizer que o Estado brasileiro não pode violar a Constituição e tratar uma igreja – não importa sua denominação – como se fosse uma empresa”.
Durante seu mandato de 84 dias como interventor – a destituição dele e a nomeação do engenheiro Antônio Barroso Ribeiro, que já foi prefeitinho da Região de São Pedro, em Vitória – ocorreu seis dias antes do término da intervenção –, o pastor e coronel Júlio Cezar fez prestação de contas à Justiça.
A prestação de contas dele foi elogiada pelo juiz Marcelo Loureiro, que é um magistrado íntegro, imparcial e verdadeiro. Júlio Cezar Costa agiu de forma técnica, isenta e eficiente em prol da reestruturação da administração da Igreja Maranata.