25 de julho de 2019: A imprensa nacional e de várias partes do Planeta informa com manchetes de primeira página. Indígenas da etnia Wajãpi denunciaram que um grupo de garimpeiros assassinou o cacique Emyra Wajãpi, 68 anos, no dia 24 de julho. Diz o El País: “A morte do cacique foi o início de um ataque à aldeia Mariry, que se concretizou depois entre sexta e sábado com a invasão de 50 garimpeiros no local, localizado no oeste do Amapá”.
E mais: a explicação foi dada ao EL PAÍS por Marina Amapari, ativista da causa indígena que está no município de Pedra Branca, onde fica o território Wajãpi. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) confirmou a morte e também está no local junto com as polícias Federal e Militar para “garantir a integridade dos indígenas e apuração dos fatos”..
Prossegue a imprensa: “O cacique Emyra Wajãpi foi esfaqueado no meio da mata no momento em que se deslocava até sua aldeia, depois de ter ido visitar a filha. Seu corpo foi jogado no rio e encontrado por sua esposa”.
Dia 29 de julho de 2019: Em entrevista à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “não há indícios de assassinato” sobre cacique Emyra Wajãpi. Os mesmos jornais que deram a declaração do Presidente, acrescentaram no texto que o cacique foi “encontrado morto, supostamente por garimpeiros”, numa reserva no Amapá.
“Usam o índio como massa de manobra, para demarcar cada vez mais terras, dizer que estão sendo maltratados. Esse caso agora aqui… Não tem nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades. A Polícia Federal está lá, quem nós pudemos mandar já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí”, frisou Bolsonaro.
Dia 16 de agosto: O laudo necroscópico do corpo do cacique Emyra Waiãpi indica que ele morreu por afogamento. O documento, assinado por dois médicos legistas do Amapá e divulgado no dia 16 de agosto pela Polícia Federal, não apresentou evidências de que ele tenha sido assassinado a facadas, conforme chegou a ser dito por indígenas da aldeia waiãpi, à qual ele pertencia.
A PF também descartou preliminarmente que houve confronto entre ele e garimpeiros invasores, porque não encontrou em seu corpo “lesões de origem traumática”, fraturas nem marcas no pescoço que indicassem enforcamento. A perícia identificou apenas um machucado superficial, “que não atingiu planos fundos”, na cabeça do cacique.
“A pretexto de fomentar o desenvolvimento econômico, o projeto coloca em risco as populações locais e significa o desmonte de conquistas ambientais. Impor aos povos indígenas que aceitem garimpos nas terras em que vivem subverte a estrutura social dessas comunidades por meio da exploração de suas riquezas mineiras. Isso é mais que inaceitável, é um crime contra a humanidade”.
Seu colega, Randolfe Rodrigues, que é do Amapá, chegou a gravar um vídeo, criticando a demora por parte da Funai e da Polícia Federal em reagirem à situação (morte do cacique). Segundo ele, havia a possibilidade de uma tragédia.
Randolfe disse, ainda, que a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) preparam uma notificação dirigida ao governo brasileiro a respeito do caso. O senador falou até em intervenção no Brasil:
“O documento irá questionar a necessidade de intervenção de forças internacionais para o episódio ocorrido no último final de semana e seus desdobramentos, uma vez que ambas as organizações não aprovam o tipo de administração que está sendo adotada pelo governo”.
16 de agosto de 2019: Notícia principal do Jornal Nacional, da Rede Globo diz que o O Brasil recebeu um novo relato sobre o ritmo do desmatamento da Amazônia. Segundo o Imazon, uma organização não-governamental, a derrubada da floresta avançou. Nos últimos 12 meses, a Floresta Amazônica perdeu 5 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa. É uma área com quase cinco vezes o tamanho da cidade de Belém.
Após indicar que as ONGs são as maiores suspeitas pelas queimadas, Bolsonaro disse ainda ser vítima de perseguição das entidades. “A Amazônia é maior do que a Europa, como que você vai combater incêndio criminoso nessa área? Você tem que pegar o cara em flagrante, fora isso não vai pegar quem tá tacando fogo lá. As ONGs perderam dinheiro que vinha da Noruega e da Alemanha, estão desempregados, tem que fazer o quê? Tentar me derrubar”, pontuou Bolsonaro.
Ponto para reflexão
Dos relatos acima – da morte, por afogamento, do cacique Emyra Wajãpi e do desmatamento e queimada na Amazônia, fica uma lição bem clara: o presidente Jair Bolsonaro é bem informado. Com mais de 15 dias de antecedência, ele indicou que o cacique não fora assassinado, como quisera a mídia brasileira e estrangeira.
Quando o cacique foi “assassinado a facadas” na aldeia, toda a imprensa – inclusive, os jornais capixabas A Tribuna e A Gazeta – deu a informação com grande destaque. Quando Bolsonaro antecipou que o sujeito morrera por afogamento, a mesma imprensa já tratou o assunto com certo deboche. Quando a Polícia Federal divulgou o laudo pericial da causa da morte de Emyra Wajãpi, o tema sumiu dos jornais.
Fica, agora, a indagação: qual será a posição da nossa imprensa quando a Polícia Federal divulgar que, de fato, ONGs estão por trás das queimadas na Floresta Amazônia?
Claro, Jair Bolsonaro não tem o direito de acusar ninguém e nenhuma instituição sem provas e sem o fim de uma investigação. Mas será muito positivo, para o País, se ele tiver novamente com a razão.