O Ministério Público Federal no Espírito Santo, a Delegacia de Repressão à Corrupção e Desvios de Verbas Públicas da Polícia Federal e a Receita Federal realizaram, nesta sexta-feira (1º/10), duas operações para repressão à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, consistentes em operações de câmbio ilegais, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Por ordem da Justiça Federal, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão: nove deles na Grande Vitória e um na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, em endereços residenciais e comerciais de proprietários e pessoas ligadas às empresas investigadas. Nas operações desta sexta-feira, os agentes apreenderam dinheiro, joias e armas.
A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores na ordem de R$ 11 milhões para alvos da Operação Escape e de cerca de R$ 1 milhão para alvos da Operação Sumidouro. A medida inclui imóveis, veículos e valores apurados em contas bancárias.
As duas operações têm como objetivo apurar a participação de empresas capixabas no crime de evasão de divisas, por meio de processos de importação fraudulentos, com possível contratação de operação de câmbio utilizando documentação falsa, resultando numa intensa movimentação de recursos ao exterior.
De acordo com o procurador da República Julio Cesar de Castilhos Oliveira Costa, o Espírito Santo tem se transformado em um dos centros de evasão de divisas do País. “O Ministério Público Federal, inclusive, já denunciou várias outras empresas por conta disso, como a Getafe, que teve evasão de divisas identificadas no ano de 2009; Accord, em 2010; Comvest, em 2011; Prime Solutions (2012-2014); e Viver Logística, com fraudes identificadas em 2016. Isso mostra que há uma forte expertise aqui no Estado de doleiros aptos à remessa ilegal de divisas para o exterior”, destaca Julio Castilhos.
Escape
As investigações referentes à Operação Escape começaram em 2018, com a notícia de que o principal alvo dessa operação, juntamente a doleiros já denunciados em outro processo, teria realizado, entre os anos 2015 a 2018, movimentações financeiras suspeitas na ordem de mais de R$ 1 bilhão.
A empresa operadora do esquema recebia em suas contas bancárias valores de clientes de diversas regiões do Brasil, como de comerciantes da Rua 25 de Março, na cidade de São Paulo, e promovia o envio dos recursos ao exterior, sobretudo a beneficiários localizados na China e Estados Unidos, por intermédio de importações fraudulentas.
A Operação Sumidouro representa um desdobramento dos trabalhos investigativos da Escape, com identificação de um outro grupo autônomo de agentes e empresas de comércio exterior. Eles também se utilizavam de esquema de remessa ilegal de divisas para fora do País, baseado em importações efetivadas à margem do sistema aduaneiro, com a contratação de câmbio sem a devida declaração de importação ou até mesmo amparado em importações fictícias.