Definiu-se, lá pelo circunspecto “1º Mundo”, que neste planeta há dois tipos de país: os que se importam com a preservação da natureza e os que não se importam em destruí-la. A linha divisória entre estes e aqueles seria a “civilização”.
Há alguns dias li, em um jornal da Bulgária, que estavam sendo devolvidos à Itália 74 contentores de lixo – em adição a outros 28 que já haviam sido encaminhados na semana anterior.
Em dado jornal de Portugal encontrei a seguinte notícia: “A entrada de resíduos continua a registrar uma tendência de subida, o que mantém Portugal como um “país importador de lixo”. A expressão é usada pela Agência Portuguesa do Ambiente”. Que lixo é esse, afinal? “Estamos a falar de misturas de lixos que contém, pelo menos, um resíduo perigoso”, esclarece a reportagem.
Descobri também uma matéria reportando a devolução de 500 contentores de lixo pela Indonésia: “Muitos dos contêineres foram reenviados para a Austrália, outros foram devolvidos aos EUA, Nova Zelândia e países europeus, como Alemanha, França e Bélgica. As autoridades da Indonésia disseram que não querem que o país se transforme no lixão do Ocidente”.
A Malásia, por seu turno, anunciou a devolução de 100 toneladas de lixo plástico para a Austrália. O governo daquele país registrou que o nível de contaminação era tamanho que sequer eventual reciclagem seria possível.
Outra notícia: “Há 69 contêineres com mais de 1.500 toneladas de resíduos tóxicos ou não recicláveis que, segundo o governo de Manila, capital das Filipinas, haviam sido enviados para o seu território”.
Enquanto isso o pobre Haiti, assolado por desgraças, recebeu mais uma: 14.000 toneladas de dejetos tóxicos, exportados a partir dos EUA. Do outro lado do Oceano Atlântico registrou-se que “lixo tóxico, incluindo baterias de chumbo, medicamentos vencidos e resíduos de óleo estariam entrando na Albânia a partir da Itália”.
Nesta relação não nos esqueçamos do Brasil, que há algum tempo devolveu aos EUA 47 toneladas de lixo hospitalar. E recebeu 1.400 toneladas de lixo tóxico provenientes do Reino Unido, temperadas com uma triste placa afixada em um dos contentores: “Por favor, entregue esses brinquedos para as crianças pobres do Brasil”.
Até quando esta vergonha? Quadro estranho, este! Quem, afinal, é civilizado neste planeta?