O prefeito de Vila Velha, o delegado aposentado Rodney Miranda, é mesmo um homem preocupado com a segurança. Embora já tenha deixado a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) desde abril de 2010, Rodney conta até hoje com a proteção de 18 policiais militares como guardas costas. São homens armados pelo Estado para proteger uma única autoridade e sua família. São mais policiais à disposição de Rodney Miranda do que existem em muitos dos municípios capixabas. Tem ainda a sua disposição três viaturas cedidas pela Sesp. A “Guarda do Rodney”, como é apelidada, é comandada por um capitão da PM.
No Espírito Santo, a Lei Estadual nº 9.630, sancionada em 21 de março de 2011, permite a um ex-governador contar com segurança de policiais militares. A lei garante a utilização de policiais militares custeados pelo Estado. A norma estabelece o prazo de dois anos para a escolta, podendo ser prorrogado por igual período após manifestação da Casa Militar.
O projeto de lei (PL 35/2011) foi apresentado pelo atual governador Renato Casagrande logo nos primeiros meses de seu mandato. Na justificativa do projeto, o governo levou em consideração a existência de norma semelhante, que garante a segurança de ex-presidentes da República. A matéria foi aprovada pela Assembleia Legislativa. A lei, entretanto, não dá o mesmo direito a secretários de Estado e muito menos a ex-secretários.
Diferente de seu pupilo Rodney Miranda, Paulo Hartung recentemente abriu mão da segurança e fez retornar à Polícia Militar os policiais que faziam sua escolta desde que deixou o Palácio Anchieta em janeiro de 2011. Rodney, que foi secretário de Segurança Pública no governo Hartung, é um dos principais articuladores da campanha de Paulo Hartung ao governo do Estado.
Os 18 militares cedidos a Rodney Miranda foram agregados (em missão especial) à Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp). Assim como as três viaturas descaracterizadas, foram colocados à disposição de Rodney Miranda por ordem da Sesp.
A ‘Guarda Militar do Rodney’ está assim distribuída: para segurança pessoal do prefeito de Vila Velha, estão destacados um segundo sargento; quatro terceiros sargentos; e dois cabos. Todos esses sete militares são da reserva remunerada e se inscreveram para voltar à ativa voluntária, pelo qual recebem R$ 2 mil por mês, além do salário de aposentados. Quem paga o salário deles como militares da reserva e da ativa voluntária é o Estado do Espírito Santo.
Para a segurança dos familiares de Rodney Miranda, a Sesp designou dois subtenentes; um 1º sargento; um 2º sargento; um 3º sargento;e cinco cabos. São todos da ativa. O capitão que coordena a ‘Guarda do Rodney’ também é da reserva remunerada e tem à disposição dele e de seus subordinados três viaturas. Os militares e os viaturas ficam à disposição de Rodney Miranda e de sua família 24 horas por dia, sete dias na semana. O capitão também recebe salário de oficial aposentado e mais R$ 4 mil por ter aceitado voltar à ativa voluntária.
Coronéis da era José Ignácio abriram as portas da Sesp para Rodney Miranda
Rodney Miranda não tem mais qualquer vinculação com a segurança pública no Espírito Santo e com nenhum outro Estado do País. Está aposentado como delegado de Polícia Federal desde o dia 2 de junho deste ano, conforme este blog informou com exclusividade em postagem feita em 28 de julho. Rodney recebe dois salários: de delegado aposentado e como prefeito de Vila Velha. Somados, chegam a R$ 40 mil brutos, quantia suficiente para bancar escolta particular dele e da família.
Rodney Miranda chegou ao Espírito Santo no final de 2002. Foi recebido com pompas por dois integrantes do governo José Ignácio Ferreira, que antecedeu Paulo Hartung. O secretário de Segurança Pública à época, o coronel da reserva Edson Ribeiro do Carmo, abriu literalmente as portas da Sesp para Rodney Miranda e seu staff, no qual se incluía o delegado federal e hoje deputado federal Francisco Francisquini, que foi subsecretário da Segurança em terras capixabas.
Rodney e Francisquini se instalaram, antes da posse de Hartung – ocorrida em 1º de janeiro de 2003 –, em um gabinete dentro da Sesp, que na ocasião funcionava no edifício Fábio Ruschi, Centro de Vitória.
Mais tarde, o coronel da reserva Edson Ribeiro voltou a ocupar um cargo no Executivo Estadual: foi um dos subsecretários de Justiça, no segundo mandato de Paulo Hartung. Ficou dois anos no cargo e saiu para assumir a direção da Montesinos Sistema de Administração Prisional Ltda., que, desde o governo Hartung, administra dois presídios em Cachoeiro: Penitenciária Regional (masculino) e Centro Prisional Feminino.
Ao chegar ao Estado, no final de 2002, Rodney Miranda começou a contar com as benesses do Estado e a proteção de guardas costas da Polícia Militar. O corregedor geral da época, o hoje coronel da reserva João Batista, colocou à disposição do então xerife, policiais militares.
Para proteger o então secretário e sua família, foram disponibilizados policiais considerados da banda podre: só havia homens condenados por diversos homicídios, mas que jamais tinham sido expulsos da corporação. Rodney Miranda, mesmo sendo alertado, dizia que confiava naqueles homens.
Os guardas costas iniciaram o trabalho como cabos da PM. Depois, foram promovidos, por iniciativa do próprio Rodney Miranda, a sargentos. Foram promovidos por merecimento – devem mesmo ter servido ao Estado e à sociedade com muito zelo. Hoje, estão abandonados pelo ex-chefe. Um deles está com câncer e tem dificuldade até de comprar remédio.
Rodney Miranda chegou ao Estado com pompas de delegado que combatia o crime organizado e a corrupção nos poderes. Criou o Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc). Em seus dois períodos como secretário de Paulo Hartung, enfrentou tantas dificuldades em combater os marginais comuns que mal teve tempo de combater as verdadeiras organizações criminosas e os crimes de corrupção.