O ano era 2003. O início do primeiro mandato do então investigador de Polícia Civil Euclério Sampaio como deputado estadual. Logo de cara, Euclério marcou sua estreia no Legislativo criticando a cobrança de pedágio na Terceira Ponte, que liga Vitória a Vila Velha. Euclério insistia pelo fim do pedágio, acreditando que a população já havia pago a dívida com a concessionária Rodosol.
A persistência de Euclério Sampaio fez com que a Assembleia Legislativa instalasse no início de 2004 a chamada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Rodosol de 2004. Euclério conseguiu instalar a CPI com a ajuda do então deputado estadual Robson Vaillant, que, logo em seguida, perdeu o mandato por ter sido cassado pela Justiça.
No entanto, uma articulação entre deputados do PT, PSDB e o então PFL – hoje, transformado em DEM – impediu que Euclério Sampaio e Vaillant assumissem a direção da CPI, da qual eles participaram como membros.
A articulação foi montada pelos deputados petistas Cláudio Vereza e Brice Bragatto (hoje no Psol), pelo tucano César Colgnago e pelo pefelista José Ramos. Assim, o grupo retirou de Euclério e Vaillant a chance de assumirem a presidência e a relatoria da Comissão.
A jogada foi feita para proteger o ex-governador Vitor Buaiz (PT), que autorizou, em sua gestão, a continuidade da cobrança do pedágio na Terceira Ponte, além de ter cometido outras irregularidades que beneficiaram o consórcio responsável pela Concessionária Rodosol, segundo denúncia formulada em 2016 pelo Ministério Público de Contas do Estado do Espírito Santo.
Embora não tenha apontado indiciamento de supostos responsáveis e terminado o “pizza”, a CPI da Rodosol produziu, no entanto, um relatório que serviu, em partes, de base para que o MP de Contas do Estado do Espírito Santo denunciasse, formalmente, a existência da “formação de um cartel responsável por fraudar o processo licitatório da concessão do Sistema Rodovia do Sol e articular a transferência irregular do direito de administrar e explorar a concessão, além de construir obras com qualidade inferior à contratada pelo Estado do Espírito Santo – financiadas com recursos públicos (BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – e Bandes – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo), oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Fundo de Participação PIS/Pasep, e custeadas pelos usuários do sistema”. A denúncia foi apresentada em 27 de setembro de 2017.
“Consta no Relatório Final da CPI da Rodosol de 2004, entre outras relevantes informações, que os líderes empresariais Octacílio José Coser(grupo Coimex) e Fernando Aboudib Camargo (grupo Tervap Pitanga), nomeados pelo governador Vitor Buaiz como membros do Conselho de Reforma do Estado, tiveram acesso a informações privilegiadas que lhes permitiu “adquirir” do grupo Odebrecht o direito de explorar o pedágio da Terceira Ponte por meio da Operação de Rodovias Ltda. (ORL), empresa esta que, menos de três meses da sua aquisição pelos referidos grupos econômicos locais, seria beneficiada com uma indenização de R$ 11,5 milhões decorrente da encampação irregular da concessão da Terceira Ponte mediante decreto expedido pelo governador Vitor Buaiz sem a necessária autorização da Assembleia Legislativa”, diz trecho da denúncia do MP de Contas.
Esse trecho da denúncia explica porque o PT, PFL e PSDB não aceitaram Euclério Sampaio e Robson Vaillant na CPI da Rodosol. Esses partidos indicaram o presidente e o relator da Comissão.
Em seu segundo mandato como deputado, no terceiro e no último – 2015 a 2018 –, Euclério Sampaio não só voltou a criticar a cobrança do pedágio na Terceira Ponte, bem como, principalmente, defendeu a instalação de protetores na ponte para impedir o cometimento de suicídios. Hoje, Euclério está no quarto mandato:
“Todos os anos eu apresentei indicações para o fim do pedágio. Sempre acreditei, com minha persistência, que o dinheiro arrecadado com o pedágio, daria muito bem para a Rodosol providenciasse melhorias na Terceira Ponte”, frisou Euclério.
“Há mais de 10 anos venho lutando para que o Governo ou a Rodosol instalasse grades ou outros instrumentos de proteção para impedir que pessoas desesperadas e ou em depressão cometam suicídio na ponte”, completou o parlamentar.
Por isso, na última quarta-feira (07/08) Euclério se sentiu realizado. Foi quando o governador Renato Casagrande anunciou um conjunto de obras para a Terceira Ponte: vai ganhar mais duas pistas – tendo seis, no total – e duas ciclovias, nos dois sentidos – Vitória/Vila Velha e vice-versa.
Mais importante, segundo Euclério Sampaio, dentre os investimentos anunciados, será a construção de uma barreira para evitar que as pessoas tirem suas vidas na ponte. A estrutura que será anexada à Terceira Ponte nos dois sentidos como forma de impedir o suicídio contará com uma grade anti escalada para a proteção, com altura de três metros e uma pista de ciclovia, com pavimento asfáltico de três metros de largura.
“Qual o sentimento que fica para mim nesse anúncio do governador? Ora, os investimentos a serem feitos pela gestão do Renato Casagrande vão melhorar a mobilidade urbana e preservar vidas. Numa só tacada, o governador demonstra toda sua sabedoria como político e gestor público, melhorando a qualidade de vida dos capixabas que trafegam pela Terceira Ponte e salvará vidas. Por isso, agradeço ao governador Casagrande por mais essa benfeitoria em favor do povo do Espírito Santo”, disse Euclério Sampaio.
O deputado finaliza garantindo sua lealdade ao governador Renato Casagrande:
“Eu sou muito grato ao Renato Casagrande. Na legislatura passada, eu fui um dos poucos a dar o sangue por ele na Assembleia Legislativa. Eu e o deputado Freitas fomos uns dos poucos a defender o legado de Renato Casagrande pelo que ele fez no primeiro governo, entre 2011 e 2018”.