Pelo menos 805 criminosos encontram-se foragidos das cadeias do Espírito Santo. A informação é da Secretaria de Estado da Justiça, por meio de seu site, que criou, desde 2009, o link “Foragidos” por determinação de Lei Federal. O cadastro de foragidos começou em 2009. No site, a Sejus informa o nome do foragido, inclusive com sua foto, e a data da fuga, revelando também o nome do presídio onde foi registrada a evasão.
O número pode ser maior porque a evasão nem sempre é comunicada imediatamente à Diretoria de Inteligência da Sejus. Segundo fontes da Inteligência, há diretores de presídios que demoram, às vezes, até um mês para comunicar a prática da fuga. Demoram porque acreditam que possam recapturar o fugitivo por conta própria, o que nem sempre acontece. O número de presidiários, até 31 de janeiro deste ano no sistema capixaba, era de 14.876, segundo a Sejus.
A situação á gravíssima. Demonstra que, apesar de todo milionário investimento do governo do Estado na construção, modernização e melhoria do sistema prisional capixaba nos últimos seis anos, há falhas gritantes na gestão do setor.
Revela, todavia, que a política de ressocialização de apenados praticada no Estado está falhando, em que pese o alto nível de profissionalismo adotado pelo governo do Estado, com contratação de profissionais como psicólogos, assistentes sociais e educadores. Prova disso é que, de acordo com a Sejus, a Penitenciária Agrícola de Viana lidera o ranking de fuga, com 193 criminosos foragidos.
Para a Penitenciária Agrícola vão condenados que já estão, em tese, prestes a ganhar a liberdade. Lá, eles podem trabalhar e são levados para as celas somente à noite. É mais uma cadeia para onde vão condenados com direito ao regime semiaberto. Na Colônia Agrícola, os apenados podem passar o final de semana em casa e voltar ao presídio na segunda-feira.
Só que a maior parte não cumpre o regulamento. Permanecem nas ruas e, assim, são dados como foragidos.
O regime semiaberto é a cadeia onde o condenado pode sair durante o dia para trabalhar e voltar à noite. E é nos presídios onde ficam presidiários que conquistaram, por força da lei, o direito a esse regime onde ocorrem mais fugas.
Tanto que, em segundo lugar em número de foragidos, é a Penitenciária Semiaberta de Vila Velha, com 171 criminosos foragidos. Depois vêm as Penitenciárias de Cachoeiro de Itapemirim, com 96 bandidos foragidos; e de Colatina, com 95 fugas. As fugas também acontecem na “marra e na coragem”. É quando os criminosos saem das celas e conseguem pular os todos poderosos muros dos presídios, com ou sem ajuda interna e externa.
A falta de uma eficiente unidade de busca e captura de criminosos no Espírito Santo contribui para o aumento da indústria da violência. É claro que parte dos mais de 800 foragidos dos presídios já deve ter morrido, principalmente na guerra do tráfico.
Porém, a maioria deles continua no mundo do crime, cometendo assaltos, homicídios, tráfico de drogas e outros delitos. Quando o sistema prisional se fragiliza, todo o sistema de segurança acaba sendo sobrecarregado.