O Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol/ES) formalizou pedidos de suspensão imediata das operações policiais conjuntas nas cidades com classificação de risco alto para a transmissão do novo coronavírus. Ofício neste sentido foi encaminhado ao delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, ne ao secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, na quinta-feira (01/04).
No dia anterior, mais um agente de segurança pública morreu vítima da Covid-19 no Espírito Santo. Trata-se do investigador Judson de Mattos, que tinha quase 30 anos de Polícia Civil. No domingo, Judson, que estava internado, já havia perdido seu pai para o coronavírus.
Como medida urgente, o Sindipol/ES também pede a vacinação de todos os policiais civis com a chegada do novo lote de 168.950 doses de vacina ao Estado.
“Se for necessário, iremos à Justiça para garantir segurança da categoria. O Sindipol acredita que é preciso cuidar da saúde dos policiais civis que estão na linha de frente da pandemia”, disse o presidente do Sindicato Aloísio Fajardo.
Para o Sindipol/ES, além de suspender imediatamente as operações conjuntas, o Governo deveria priorizar a vacinação dos profissionais de segurança pública com as novas doses que estão chegando ao Estado. Na semana passada, o governo já havia anunciado que os profissionais da segurança e da educação irão começar a ser vacinados no dia 15 deste mês.
“Nossa solicitação é que seja determinada a suspensão das operações conjuntas entre as forças de segurança neste momento e enquanto perdurarem as medidas restritivas impostas pelo Governo do Estado e nos municípios que estiverem na classificação de risco máximo ou moderado ou outra classificação que defina o quadro como de grande relevo para contaminação”, disse Aloísio Fajardo.
O investigador Judson de Mattos trabalhava no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que sempre está em operações. Ele tinha 52 anos e estava atuando na Força Tarefa criada com o objetivo de apurar crimes contra a vida cujos inquéritos encontram-se solução há vários anos. De acordo com Aloísio Fajardo, que lamentou a morte do colega e amigo, já são mais de 300 policiais civis contaminados no Espírito Santo.
O presidente do Sindipol lembra que, dentre as medidas anunciadas, o governador Renato Casagrande decretou a cessação de uma série de atividades, as quais, até então, tinham autorização de funcionamento, inclusive a suspensão do transporte público (urbano, intermunicipal e interestadual, além do transporte ferroviário), com o objetivo de reduzir aglomeração de pessoas e, portanto, diminuir a propagação da doença, eis que o isolamento social é uma das medidas recomendadas pela OMS, para combater esta nefasta pandemia.
“Entretanto, na contramão destas medidas de isolamento e recomendações do órgão máximo de saúde mundial, os órgãos de segurança pública do Estado do Espírito Santo permanecem realizando operações que englobam todas as forças institucionais das áreas (Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros), bem como outras de âmbito municipal (guarda municipal) e federal (Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança)”, diz Aloísio Fajardo.
“O Sindipol apoia de forma irrestrita o combate criminalidade e a violência, mas nossos profissionais precisam ter segurança. A vida dos policiais está em primeiro lugar”, pontuou Aloísio Fajardo.
O plano inicial do Governo capixaba é vacinar os profissionais da segurança pública e da educação com a reserva técnica de 5% dos lotes que estão chegando ao Espírito Santo.
O presidente do Sindipol pondera, no entanto, que o Estado deveria ampliar a vacinação e não limitar a 5% da reserva de doses, “uma vez que policiais não trabalham em home office – escritório dentro de casa, como demais profissionais. Eles têm que ir para as unidades e para as ruas, onde acabam se envolvendo em aglomeração e tendo contato direto com pessoas contaminadas no cumprimento de seu dever institucional”.
Aloísio Fajardo concluiu: “Hoje, temos uma defasagem no quadro operacional próximo de 60% e um efetivo envelhecido por causa da falta de concurso público ao longo dos anos. Somando os policiais contaminados, do grupo de risco e do grupo que já deu entrada na aposentadoria, podemos ter colapso com o avanço da pandemia na Polícia Civil”.