Na quinta-feira (03/10), imagens gravadas pela TV americana mostravam ao Planeta inteiro uma mulher furando uma barricada perto da Casa Branca e avançando com seu carro na direção dos policiais. Ela então segue em disparada para o Capitólio, onde fica o Congresso dos Estados Unidos, e é perseguida pelos policiais, que atiram várias vezes. A mulher, identificada como Miriam Carey, de 34 anos, morreu na hora. Dentro do carro, estava siua filha, que nada sofreu.
Segundo os jornais The Washington Post e The New York Times, a mulher seria assistente de dentista e viajava com a filha de um ano no banco de trás do veículo, com placa do estado de Connecticut. A criança não foi atingida pelos disparos e está sob guarda judicial.
Segundo o New York Times, autoridades tiveram dificuldades para identificá-la devido à extensão dos ferimentos. Ela não estava armada. A rede de TV ABC News conversou com a mãe de Carey, que disse que ela sofria de depressão pós-parto desde o nascimento da filha, em agosto do ano passado.
Idella Carey disse que a filha chegou a ser internada no ano passado, mas não tinha histórico de violência. Ela acrescentou que não sabia o que Carey estava fazendo em Washington.
Um vizinho da mulher, em Stamford, disse à ABC News acreditar que ela sofria de problemas mentais.
A cena da perseguição causou medo perto do Capitólio, uma região frequentada por turistas. Várias pessoas ficaram deitadas no chão por vários minutos com medo de serem atingidas pelos disparos.
Na noite de sexta-feira (04/10) o Jornal Nacional, da Rede Globo, continuou na cobertura do assunto. Tratou os policiais que mataram a mulher como heróis. Não houve qualquer crítica à polícia norte-americana. Nem deveria: a polícia dos Estados Unidos agiu corretamente.
Fico, agora, a imaginar se tal cena tivesse ocorrido na frente do Congresso Nacional ou do Palácio do Planalto, em Brasília. Uma mulher desorientada, por problemas mentais, segue com carro em direção a uma dessas Casas, fura o bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal ou da Polícia do Exército ou da Polícia Legislativa, é perseguida e morta a tiros pela polícia brasileira.
O que aconteceria com a polícia brasileira? Por muito menos, policiais militares de todo o Brasil foram massacrados, alvo de ataques da imprensa porque foram para as ruas tentar coibir a ação de vândalos que, aproveitando as manifestações populares, atacaram e depredaram prédios públicos e privados.
A imprensa americana está sempre criticando a ação policial em outros países, mas nos EUA a polícia pode matar uma mulher que furou o cerco policial. Aqui no Brasil, a polícia é massacrada quando impede a ação de marginais e vândalos nas ruas.