O governador Paulo Hartung (PMDB) prestou depoimento à Polícia Federal em um Inquérito Policial instaurado para apurar distribuição de propina por parte da empreiteira OAS. O próprio Hartung escolheu o local e a data para prestar depoimento nos autos do Inquérito Policial número 4141, em que ele é apontado por ter sido beneficiado com recurso da ordem R$ 800 mil na campanha eleitoral de 2014. Os recursos teriam sido repassados pela OAS, por intermédio do senador José Agripino Maia (DEM), um dos primeiros a ser alvo do IP 4141. O dinheiro seria alvo de propina, segundo a PF.
Paulo Hartung tinha o direito da escolha de poder prestar o depoimento na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo, localizada em Vila Velha, por meio de Carta Precatória. No entanto, preferiu a discrição e foi a Brasília, onde foi ouvido pela Autoridade Policial, na Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal.
De acordo com parte dos autos, aos quais o Blog do Elimar Côrtes teve acesso na noite de quinta-feira (20/07), a Polícia Federal ouviu o depoimento do governador Paulo Hartung por ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Foi o próprio ministro quem teria autorizado intimar o governador capixaba.
Ainda segundo as peça do Inquérito Policial, o senador Agripino Maia e seus aliados políticos teriam recebido propina em obras do estádio Arena das Dunas, construído em Natal para a Copa de 2014. O IP 4141 foi instaurado no dia 7 de outubro de 2015 justamente para investigar o superfaturamento na execução das obras por parte da OAS e políticos.
Em sua coluna publicada nesta sexta-feira (21/07) em o Globo, o jornalista Lauro Jardim desce a detalhes, informando que “as investigações trouxeram à tona outros casos suspeitos, que também passaram a ser apurados, entre eles, o do governador capixaba. Na campanha de 2014, Hartung recebeu R$ 800 mil da OAS por meio do Diretório Nacional do partido — o que consta na declaração dele à Justiça Eleitoral”.
O Blog do Elimar Côrtes teve acesso a outras peças dos autos que informam que o dinheiro foi rastreado pela Polícia Federal e localizado em contas do governador Paulo Hartung, tendo sido, posteriormente, declarado como doação de campanha.
Segundo fontes da PF, foi um ex-subprocurador geral da República quem teria trazido ao Espírito Santo, em 2014, o empresário Léo Pinheiros, dono da OAS, para negociar a doação de campanha ao então candidato Hartung, em troca de realizar obras no Estado a partir de 2015. Só que o Estado paralisou obras a partir de 2015 e a OAS acabou não sendo favorecida. Esse ex-subprocurador-geral da República atuou também como advogado da OAS.
De acordo com fontes da Polícia Federal, em seu depoimento o governador Paulo Hartung negou qualquer ligação com o escândalo das obras superfaturadas da Arena das Dunas e afirmou que o dinheiro recebido em campanha foi declarado legalmente na declaração que prestou o Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo. Reiterou que suas contas de campanha foram aprovadas pelo TRE.
Advogado garante que Hartung prestou depoimento como “declarante”
Ao Gazeta Online, um dos advogados de Paulo Hartung, Rodrigo Rabelo, garantiu na manhã desta sexta-feira (21/07) que o governador não é investigado pela Polícia Federal:
“O governador Paulo Hartung não é investigado em nenhum inquérito em curso na Polícia Federal ou no Supremo Tribunal Federal. Ele compareceu à sede da PF (em Brasília) exclusivamente na qualidade de declarante para esclarecer que recebeu doação legal de campanha em 2014, pelo partido Democratas. A referida doação é pública e suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”, disse Rodrigo Rabelo ao Gazeta Online.