O governador Renato Casagrande (PSB) passou maior parte da sexta-feira (14/02) em seu gabinete, no Palácio Anchieta, em agenda administrativa e, ao mesmo tempo, acompanhando em tempo real o que acontecia nas ruas de Vitória. Foi um dia tenso, em que bandidos, liderados por traficantes que dominam no Complexo da Penha e demais regiões da Grande Vitória, espalharam pânico e terror depois da morte de um dos gerentes do tráfico, Caio Matheus Silva Santos, 17 anos, conhecido como Três Bocas, num confronto policial.
A todo momento do dia, Casagrande recebia informações dos secretários e gestores ligados à Segurança Pública. O governador passou parte do dia também preocupado com a propagação de notícias falsas – fake news – pelas redes sociais – e fez um apelo para a população não acreditar em notícias mentirosas.
No final da tarde, Casagrande concedeu entrevista coletiva à imprensa no Palácio Anchieta, em que comentou sobre os ataques dos líderes das facções criminosas. Os ataques, conforme o Blog do Elimar Côrtes já havia anunciado, foram uma reação à força que o Estado está imprimindo para combater assassinatos e o tráfico de drogas e armas, o que vem causando prejuízo financeiro aos grupos criminosos.
O governador Renato Casagrande elogiou a atuação firme e forte das Polícias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros e garantiu que a presença do Estado será cada maior nas regiões de conflitos e nas ruas da Grande Vitória:
“Parabéns à polícia pelo trabalho que fez. Isso mostra a presença da força institucional do Estado para que proteja, de fato, o cidadão capixaba. Nossa polícia está preparada e atuando. O Estado e os nossos policiais não deixarão de enfrentar os bandidos…E se os bandidos quiserem causar qualquer transtorno a mais para a sociedade capixaba, a polícia e a força de segurança atuarão com muita firmeza”, pontuou Casagrande.
Abaixo, a íntegra da coletiva do governador Renato Casagrande:
– Diante de tudo que aconteceu, o que ficou decidido? Quais serão as próximas ações?
– Diante de tudo o que aconteceu, já estamos trabalhando desde as primeiras horas do dia. O trabalho da Polícia Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros foi importante para que a gente pudesse estabilizar a realidade nos bairros envolvidos.
A reação dos grupos criminosos foi em decorrência do enfrentamento que os bandidos tiveram com a Polícia Civil e acabou com um jovem de um grupo criminoso perdendo a vida. Foi um trabalho da Polícia Militar e Civil que causou a reação dos grupos criminosos.
Desde o primeiro momento que esses grupos vieram atormentar nas vias públicas os moradores da Grande Vitória, a polícia atuou isolando a área. Foi um trabalho intenso para que a gente pudesse chegar ao fim do dia com a situação um pouco mais estabilizada.
– Muita gente lembrou a ‘greve’ dos policiais militares em fevereiro de 2017. Para quem afirma que a segurança está em crise, o que o senhor diria?
– Vocês viram os policiais trabalhando hoje, trabalhando muito. Infelizmente, essa realidade de ataque a algumas vias públicas, atacando veículos e pessoas, não é a primeira vez que aconteceu. E vocês viram a força como a polícia atuou, cercando a região, dando segurança à população capixaba. Então, parabéns à polícia pelo trabalho que fez. Isso mostra a presença da força institucional do Estado para que proteja, de fato, o cidadão capixaba.
– O que o Estado vai fazer de diferente para evitar que isso ocorra novamente?
– Nós estamos trabalhando, estamos recuperando nossa estrutura policial desde o ano passado, com equipamentos, com viaturas. Estamos recuperando o trabalho para que a gente possa motivar os policiais. Estamos em um diálogo permanente com as forças policiais porque isso vai motivando a polícia para que possamos trabalhar cada vez mais e alcançar mais resultados.
– Nesta sexta-feira (14/02) e amanhã (sábado) tem desfile das escolas de samba, em Vitória. A população pode ir tranquila para o Sambão? Vai ter segurança para a população que vai assistir o Carnaval?
– A população vai ter segurança. Lógico que todos nós, onde quer que a gente vá, sempre há um cuidado, mas a população terá segurança. O que aconteceu foi numa região restrita da cidade, da nossa capital. O policiamento estará presente na área do entorno do Sambão e também nos outros bairros da região metropolitana. Então, estamos trabalhando para que a população tenha essa tranquilidade.
– Fala-se também que os bandidos planejam atacar outras regiões…
– Olha, eles vão enfrentar o que enfrentaram na parte da manhã, nossa polícia preparada e atuando. O Estado e os nossos policiais não deixarão de enfrentar os bandidos. Então, fizemos isso na parte da manhã, estamos realizando isso todos os dias com os nossos policiais, e se os bandidos quiserem causar qualquer transtorno a mais para a sociedade capixaba, a polícia e a força de segurança atuarão com muita firmeza.
– O senhor falou em “área restrita”, mas a sensação é que foi uma ação em cadeia, até em Hélio Ferraz, Bairro de Fátima, na Serra, outros morros, como o Jesus de Nazareth, também teve foguetório. O Serviço de Inteligência já conseguiu descobrir o que aconteceu para ir se estendendo para outros morros?
– Foi o trabalho da polícia. Um líder e um membro de um grupo criminoso perdeu a vida no enfrentamento. Então, isso causou uma reação dos grupos criminosos, que foi imediatamente combatida.
Mas eu quero aproveitar que a imprensa está aqui para fazer um alerta às fake news. Muitas notícias que chegam até nós às vezes não são notícias verdadeiras. Algumas são verdadeiras, outras não, e as redes sociais hoje têm uma velocidade muito grande. Então é bom que a gente possa verificar se aquilo que está chegando ao nosso celular procede ou não.
Nós tivemos toque de recolher anunciado que não aconteceu, nós tivemos áreas atacadas anunciadas que não aconteceu. Então é bom que a gente não compartilhe fake news. Se for notícia verdadeira, é óbvio que a gente tem que passar para frente para que todos saibam, mas também que a gente possa diferenciar o que é verdade do que não é verdade.
– Ao longo do dia aconteceram todos esses ataques, muita gente quase acabou entrando em pânico, muitos comércios fecharam. Em algum momento foi levantada a possibilidade de necessidade de um apoio das Forças Armadas aqui no Estado?
– A nossa polícia atuou muito bem, vocês viram. A polícia está atuando muito bem. Nunca vamos deixar de pedir apoio quando for necessário, mas a nossa polícia está atuando muito bem e eu quero cada vez mais parabenizar o trabalho que as forças policiais têm feito no Estado do Espírito Santo.
– O senhor falou que o policiamento foi reforçado. A gente realmente viu muitas viaturas circulando, mas os comerciantes ainda estão de portas fechadas. O que se fala então para esses comerciantes que estão com tanto medo da criminalidade que está ameaçando e avisando que precisa fechar?
– A nossa polícia continuará trabalhando, então é isso que importa. Eles vão ter nas próximas horas segurança. E também queremos pedir mais uma vez que a hora que chegar alguma informação, que possa passar essa informação rapidamente à polícia para saber se é verídica ou não.
Muita gente fica com a preocupação de fechar um comércio por alguma notícia falsa que chega. Às vezes ele não sabe que é falsa. Ele vai ver que sempre a polícia está trabalhando com muita intensidade, ele vai reconquistando a confiança.
– Na quinta-feira (13/02) foi falado em reuniões das entidades de classe dos operadores de segurança pública sobre uma possibilidade de operação padrão. Isso tem alguma relação com esses ataques desta sexta-feira?
– Em hipótese alguma. A operação foi padrão porque foi eficiente, porque a polícia esteve atuando com muita firmeza. Por isso que hoje estamos realizando uma avaliação do trabalho, precisamos continuar trabalhando. A presença das forças policiais muito intensa nos bairros que foram atingidos diretamente, mas também outros bairros. Então a polícia atuou de forma muito objetiva e com eficiência.
– Não há então qualquer ligação entre a negociação salarial com os policiais e o que aconteceu nesta sexta aqui no Estado?
– Em hipótese alguma. A Polícia Militar está tendo, por parte do governo, e a Polícia Civil e os Bombeiros também, estão tendo um diálogo permanente, estamos na mesma negociação, estamos debatendo e discutindo. A Polícia Militar tem quase 200 anos de existência. É uma polícia respeitada pelos capixabas e pelos brasileiros. Estão trabalhando com muita intensidade. Há muito tempo eles não tinham uma mesa de negociação posta com uma proposta com investimento em infraestrutura. O Governo do Estado assumiu honrar a Segurança Pública que em 2019 estava destruída, e em 2022 entregaremos uma polícia motivada e muito mais estruturada.
– O Governo pretende aumentar o reajuste
– O Governo tem os seus limites, além da responsabilidade fiscal, do nosso equilíbrio e com os demais servidores. Estamos discutindo com eles. Os eventos de hoje não interferem na nossa conversa com as entidades da Polícia Militar e Civil.