A Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal deu um exemplo claro e positivo de que a presença ostensiva de policiais nas ruas – neste caso, nas rodovias federais – contribuiu para colocar bandidos perigosos na cadeia, além de barrar a entrada de drogas no Espírito Santo.
Entre os dias 17 e 22 deste mês (março), a PRF realizou operação nas estradas que cortam o Espírito Santo. Nas abordagens foram encontradas drogas e armas, além de carros roubados. Foram apreendidos 35 quilos de maconha, 53 kg de cocaína, 23 pontos de ecstasy e 2,5 kg de haxixe. Além disso, foram apreendidas armas e quatro veículos roubados foram recuperados e 27 pessoas foram detidas.
No posto da PRF de Ibatiba, na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais, os policiais rodoviários federais contaram com a ajuda de um cão farejador nas abordagens. Em dos momentos, o cão ficou agitado e se movimentava de um lado para outro, o que indicava que algo estava escondido no veículo. E o cão acabou encontrando drogas:
“Essa operação temática de combate ao narcotráfico tem uma dupla finalidade. A primeira é capacitar os policiais do Estado em técnicas de combate ao narcotráfico. A segunda é realizar uma grande operação em pontos estratégicos para conseguir realizar o maior número de apreensões possível. A operação contou também com a participação de policiais de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal”, informou o superintendente regional da PRF, inspetor Argeu Rangel.
Drogas também foram encontradas com passageiros de ônibus interestaduais. “Esse trânsito em veículos de transporte de passageiros é recorrente. Eles buscam dissimular o ilícito dentro do ônibus, mas através de técnicas que nossos policiais têm, eles conseguem realizar as apreensões de entorpecentes mesmo de forma dissimulada. A PRF tem cada vez mais se especializado nas apreensões nesse tipo de transporte”, comentou o inspetor Davi Gaudinho.
A operação deu certo. De acordo com o Argeu Rangel, ações parecidas com estas são realizadas diariamente.
“Nós já realizamos apreensões no dia a dia, mas quando a gente sente a necessidade de realizar uma operação, todo o planejamento estratégico anterior é preparado. Por isso que essa operação aconteceu com sucesso. Foram várias apreensões e com grandes quantidades”, concluiu o superintendente.
A polícia estadual capixaba não tem muita tradição em realizar operações desse tipo nas divisas do Espírito Santo com outros estados. Realiza ações somente quando é provocada. Parece uma política de governo, embora esta não seja a orientação dada pelo governador Renato Casagrande e seu secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Henrique Herkenhoff.
Não é pegar no pé, mas a verdade tem que ser dita: a prática de não patrulhar as nossas divisas fez parte da política de segurança do governo passado.
Uma prova, que vale destacar e repetir aqui neste Blog, é um discurso que o então secretário da Segurança Pública, Rodney Miranda (hoje deputado estadual), fez no Teatro Municipal Fernando Torres, em Guaçuí, em março de 2010, quando já se sabia que ele seria candidato a deputado estadual.
Vestindo uma camiseta com dizeres contra o uso de crack, ele falou para uma plateia formada, em sua maioria, por jovens que acabavam de se formar no Programa Pró-Jovem. Na cerimônia, Rodney distribuiu camisetas para os mais de 300 formandos e ainda discursou.
Ainda na função de secretário de Estado da Segurança Pública Pública, Rodney disse que a polícia capixaba não fazia sistematicamente operações nas estradas e nem nas divisas do Espírito Santo com outros estados – Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia – porque não poderia incomodar as pessoas que transitavam de carros ou de ônibus pelas estradas.
Um policial militar que estava ao meu lado, e que fazia segurança de Rodney Miranda, me cutucou, sorriu e disse: ‘‘Eu imaginava que o papel da polícia era proteger o cidadão, mesmo que, para isso, tenha que provocar transtorno. Com esse pensamento, o homem ainda quer ser deputado!’’.
Ora, em qualquer lugar do mundo a polícia tem e deve incomodar. Quando incomoda o cidadão de bem, a polícia está dando segurança e, ao mesmo tempo, coibindo a criminalidade, com repressão, principalmente, ao tráfico de drogas e armas e roubo de carros.