Os servidores do Programa A Escola da Vida, da Prefeitura Municipal de Vitória, vêm ajudando cidadãos e cidadãs que vivem em situação de rua a recuperar a autoestima, reencontrar um ambiente familiar e voltar ao mercado de trabalho.
A Escola da Vida é o espaço de retaguarda e referência para identificar, desenvolver e fortalecer as habilidades empreendedoras das pessoas em situação de risco social com idade mínima de 14 anos atendidas pela rede de serviços da Assistência Social (Serviço de Abordagem, Centro Pop, Abrigo e Casa Lar) e da Saúde (Centro de Atendimento Psicossocial de Álcool e Drogas e Consultório na Rua), prioritariamente os usuários de substâncias químicas, objetivando a (re) inserção social, comunitária e no “mundo do trabalho”, tornando-os capazes de serem protagonistas de suas vidas.
Atualmente, ele está na Hospedagem Noturna e conquistou um emprego em uma lanchonete. Ele era casado e teve três filhos, mas acabou entrando no mundo das drogas.
“Falhei por deixar o aluguel atrasado e na alimentação dos meus filhos. Usei o dinheiro que tinha para comprar o tênis do meu filho e acabei usando para algo que não devia. Primeiro acabei com um casamento de 15 anos, depois saí do emprego e, quando me dei conta, meus filhos estavam longe”, lembrou.
Ele foi para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-Pop), em Mário Cypreste, na Grande Santo Antônio, onde encontrou o apoio de que precisava.
“Quando estava nas madrugadas nas ruas, me sentia muito mal, vinham a angústia e o sofrimento. Agora, o que mais quero é ter meus filhos. Estou sendo acompanhado pelo Centro-Pop e pela Escola da Vida, dormindo na Hospedagem Noturna e consegui um emprego por meio do Sine. Vou fazer diferente a minha história”.
Autonomia
“Esse assistido sempre procurou a sua inserção no mercado de trabalho. Isso é motivo de orgulho e satisfação ele ter reconquistado esse trabalho”, disse Meriely.
“É surpreendente acompanhar a sua história. Cada cidadão deve conquistar sua autonomia em tudo que faz. Vou continuar batalhando para que novos assistidos trilhem o mesmo caminho”, falou Suzana.
Mais um caso de superação
Outros ex-moradores de rua que estão reconquistando seu espaço na sociedade com o apoio da rede Escola da Vida é o casal Patrícia de Azevedo, 51, e Gladson da Rocha, 31.
“Depois que a conheci, deixei muita coisa para trás. Patrícia me faz pensar no futuro”, disse Gladson.
Curso
O curso de cabeleireiro faz parte do projeto “Mãos que trabalham”, coordenado pela Associação Gold, com gestão da Gerência de Qualificação do Trabalhador (Semcid) e recursos do Procon Vitória.
“O objetivo do curso é promover o empoderamento e a melhoria das relações de consumo dessas pessoas. No final de oito meses de curso, elas vão receber um kit e orientações de como se tornarem microeempreendedores individuais para iniciarem no mercado de trabalho, pois estarão capacitados para isso”, explicou a gerente de Qualificação do Trabalhador, Fabiana Oliveira.
Casa própria
“Nos conhecemos no Centro-Pop e ficávamos nas ruas e marquises do Sambão do Povo, praça Costa Pereira e Jardim da Penha. Estava desempregado há dois anos. Além de procurar a Escola da Vida, fui falando para todo mundo que queria voltar a trabalhar. Hoje, estou terminando de construir a nossa casa”, comentou Felipe.
“O Centro-Pop sempre nos aconselhava a sair das ruas. Hoje, o que mais quero é ir para nossa casa, trabalhar de carteira assinada também, para viver bem com meu marido e termos nossos filhos”, disse Luiza.
Trabalho
Os técnicos do Centro-Pop Klicia Boamorte da Victoria, que é assistente social, e Lucas Torquato Nascimento, que é psicólogo, falaram que ele é muito perseverante.
“A superação dele sempre foi de tentar vencer a situação onde se encontrava. Desde o início do seu atendimento, Ricardo sempre falava que queria sair das ruas”, ressaltou Klicia .
“Ricardo confia muita na equipe do Centro-Pop e sabemos de que forma podemos contribuir positivamente para seu processo”, ponderou Lucas.
Escolhas
“Nos sentimos felizes em saber que o nosso trabalho está surtindo algum efeito na vida desses assistidos. Eles estão em processo de saída das ruas ou já estão morando seja em suas casas ou na Hospedagem. Eles são motivados sempre pelos técnicos, que os acompanham a tentar a reconstruir suas próprias vidas e suas escolhas”, disse a supervisora técnica do Centro-Pop, Zilane Ferreira Lima.
“Acreditamos que o trabalho é a forma mais digna dos nossos assistidos superarem a situação de rua. Eles podem contribuir para a sociedade de alguma forma, ter sua própria renda e fazer suas próprias escolhas, sendo algo que eles queiram adquirir para uso pessoal ou alugar seu próprio imóvel, ajudando na autonomia e na conquista de seus vínculos afetivos”, citou o coordenador do Centro-Pop, Mauro Motta.
Propósito
“Capacitamos esses assistidos através da Escola da Vida para se inserirem no mercado formal e também serem empreendedores de forma autônoma. Assim a volta deles no mercado de trabalho dá um novo sentido na vida dessas pessoas, que passam a ser vistas de forma mais valorizada pela própria sociedade. Eles constroem um propósito e uma nova história”, explicou o gerente da Escola da Vida, Luiz Melo.
(Com informações também do Portal da PMV)