O coronel da Polícia Militar do Espírito Santo Julio Cezar Costa, que teve uma conversa profissional gravada pelo Centro Integrado de Defesa Social (Ciodes), localizado dentro da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), e divulgada clandestinamente por algum integrante do próprio Ciodes – que liberou a gravação para a Rede Gazeta de Comunicação –, está vindo a público para esclarecer o episódio e agradecer o apoio que está recebendo de diversos setores da sociedade capixaba e brasileira.
“Prezados Companheiros,
Com a finalidade de furar o verdadeiro bloqueio de informações realmente verídicas, acerca de recente publicação na imprensa escrita, e na defesa de minha reconhecida honra e probidade com a coisa pública, esclareço o seguinte:
1. Nunca interferi em ocorrência policial, conforme pode comprovar o próprio Boletim de Ocorrência Policial (anexo), documento confeccionado pelos policiais “in loco”, cuja narrativa sequer me menciona.
2. Na ocasião estava de serviço, como Coordenador de Policiamento, tendo recebido um pedido de auxílio para verificar o andamento de uma ocorrência, que por sinal envolvia uma pessoa de meu rol de amizade. Como Oficial de Serviço, e não como particular intervindo em assuntos públicos, solicitei ao Corregedor da PMES, ao Comandante do Batalhão de Trânsito e também ao CIODES, de maneira contundente, porém legal, para que a situação fosse verificada, inclusive com a presença de um Oficial, de modo não a impedir que a lei fosse aplicada, mas para legitimar a atuação policial.
3. Prova disso é que todas as notificações de trânsito foram regularmente aplicadas (vide o BOP anexo), sendo inclusive já pagas pelo notificado. Ou seja, os soldados de serviço, muito menos a PMES, foram desmerecidos, muito menos constrangidos, a Lei foi aplicada de forma supervisionada e com a preservação da autoridade e da cidadania.
4. Como filho de um soldado da PMES, declaro que meu apreço e respeito a todos os que fazem a PMES acontecer não surgiu agora, vem de berço, sendo completamente inverídicas e descabidas quaisquer ilações que possam tentar colocar me colocar contra trabalhadora base hierárquica da Corporação.
5. Não pode ser mera coincidência que uma gravação do CIODES – que deveria ser preservada, demonstrando assim a fragilidade do sistema hoje disponibilizado a sociedade, tenha sido enviada a imprensa justamente dias após as comunicações que fiz ao Comando Geral e agora a imprensa, de suposto uso da máquina oficial da Polícia Militar em favor da candidatura de um Oficial do Último Posto (em tese), em detrimento do dinheiro do povo e também das sérias candidaturas de muitos outros Militares, que mesmo pertencentes à Instituição, não a utilizam como escada para atingir seus objetivos pessoais.
6. Por isso recentemente houve uma reunião somente com poucos Coronéis e alguns Comandantes de Unidades em um Hotel na Ilha do Boi, visando pedir apoio e votos a uns poucos “iluminados e talvez abençoados” pelo poder. Não convidaram os cabos e soldados, sargentos, Tenentes, Capitães, Majores diversos outros Tenentes-Coronéis, muito menos a maioria dos Coronéis, fazendo uma espécie de projeto político às avessas, para poucos em detrimento da maioria.
7. A fonte da fictícia crise não é a defesa da Corporação, a qual continuará sendo feita pela maioria esmagadora de homens e mulheres que honram nossa farda, mas sim o receio de que o secular poder seja perdido, conforme comprovamos transcrevendo aqui trecho de e-mail dirigido a integrante do Alto Comando, cujo nome e o conteúdo completo não revelamos por razões de foro legal:
“(…) O Seu medo e de todos os que comungam com o seu modo de agir e pensar é um só – “O Júlio Cezar não pode ser o comandante”. Comigo a bandalha não tem lugar e os incompentes e enrustidos usuários do patrimonialsmo terão que prestar contas. Se dependesse de Vc a PM estaria como estava em 1981, desevoluída e raivosa.
(…)O SPVC – vídeoconferência realmente é um atraso para os atrasados que não querem a modernidade da Polícia de Ortiz.
E quando o meu tempo chegar, se chegar… Vc (sic) não será lembrado, nem para o bem, nem para o mal
(isto eu não sei fazer, e Vc (sic) sabe disto)” (…)
8. A movimentação de função é outra excrescência que não atinge minha honra e carreira limpa, tampouco a do Cel Costa, mas apenas confirma a ausência de isenção e o cunho político-partidário nas atuais decisões da Corporação, visto que integrantes das Máfias do Guincho e das Antenas – conforme ampla divulgação na mídia, sequer tiveram medida parecida, estando ainda impunes diante das provas apresentadas.
9. Por fim, reafirmo que não desejo cargos políticos, comandos, muito menos poder, continuo desejando as mesmas coisas de outrora, uma Polícia Militar forte, respeitada, bem remunerada, moderna, com credibilidade social, interativa e livre do crime organizado.
Espero que não haja retrocessos na evolução da Logística corporativa e de tudo o que já foi alcançado.
Agradeço emocionado as centenas de e-mails, torpedos, telefonemas, visitas e toda sorte de demonstração de afeto que venho recebendo, do soldado ao coronel, tanto da ativa com a inativa.
JÚLIO CEZAR COSTA
CORONEL PM”