O governador Renato Casagrande poderá sofrer a primeira baixa em seu governo. E é na área de segurança pública. O comandante geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Lima, chegou a colocar seu cargo à disposição.
Ele tem alguns motivos para querer sair do governo, segundo fontes próximas a Anselmo. Primeiro, está chateado por estar sendo vítima do fogo amigo dentro da corporação.
Segundo, teria entrado em rota de colisão com o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Henrique Herkenhoff, por causa de supostas interferências administrativas do secretário na PM.
Há menos de um mês, Anselmo Lima procurou o secretário e entregou seu cargo. De acordo com interlocutores, que têm bom trânsito entre Herkenhoff e Anselmo, o secretário teria dito para o comandante geral da PM que não iria exonerá-lo porque quem o indicou foi o governador Renato Casagrande.´
Segundo as mesmas fontes ouvidas pelo Blog do Elimar, Henrique Herkenhoff disse para o coronel Anselmo Lima que ele teria de procurar diretamente o governador Casagrande.
Após esse episódio, houve um coquetel no Clube dos Oficiais, promovido por um grupo de oficiais, em que foram convidados o secretário Herkenhoff e o comandante Anselmo Lima. Os dois estiveram presentes, mas cada um no seu canto.
Desde que tomou posse, Henrique Herkenhoff tem tomado decisões que teriam desagradado o comandante geral da PM. Uma delas foi o de transferir uma tenente de Nova Venécia para a Grande Vitória. A moça denunciou ter sido vítima de assédio sexual por parte do então comandante do 2° Batalhão, tenente-coronel Carlos Rogério Gonçalves de Oliveira.
Nesse mesmo episódio, Henrique Herkenhoff tomou a dianteira e mandou a PM abrir procedimento contra Gonçalves. Foi atendido, mas a sindicância da PM concluiu que o tenente-coronel não cometeu assédio.
Mas o Ministério Público Estadual desconsiderou a decisão da sindicância da polícia e determinou a abertura de um Inquérito Policial Militar contra Gonçalves. Sinal de que o secretário Henrique Henkenhoff estava com razão quando mandou o comandante Anselmo punir seu subordinado.
O estopim para a colisão entre os dois aconteceu há menos de um mês. O comandante Anselmo Lima, seguindo as prerrogativas de seu cargo, transferiu um capitão, que estava lotado na Secretaria de Estado da Educação (Sedu), para outra unidade.
De prontidão, o secretário Herkenhoff teria considerado sem efeito a transferência do capitão.
“A lei é clara: quem cuida da parte administrativa da Polícia Militar é o seu comandante geral. Um secretário de Estado da Segurança pode ter gerência operacional, porque é ele quem dita a política de segurança pública”, comentou um oficial ligado a Anselmo Lima.
De acordo com fontes próximas a Anselmo Lima, o comandante da PM já teria marcado reunião com o governador Renato Casagrande.