Três dias depois de participar do ‘golpe’ da reeleição antecipada em mais de 400 dias do presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Erick Musso (Republicanos), o deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) deixou de ser o líder do governo no Legislativo. Ele passa a ser substituído pelo deputado José Eustáquio Freitas (PSB), que sempre manteve lealdade e gratidão a Casagrande, que, assim, começa a reagir ao ‘golpe’ e à traição dados por Eric Musso e seus aliados para se perpetuar no Poder da Casa Legislativa.
O anúncio da escolha de Freitas para a liderança do governo na Assembleia Legislativa foi feita pelo governador Renato Casagrande, na tarde deste sábado (30/11), em sua conta no Twitter.
“Fiz o convite ao Deputado Estadual Freitas, e ele aceitou, para assumir, a partir deste momento, a liderança do governo na Assembleia Legislativa”, postou o governador.
Na quarta-feira (27/11) de manhã, Erick Musso chegou bem cedindo ao seu gabinete na Assembleia Legislativa disposto a, horas depois, protagonizar o que o mercado chama de golpe: a sessão relâmpago inesperada que marcou a eleição da nova formação da Mesa Diretora, para o mandato que começará somente em 2021 (isso, em 2021).
Na noite anterior, Erick Musso, o então líder do governo, Enivaldo dos Anjos, e o deputado Marcelo Santos foram ao Palácio Anchieta conversar com o governador Renato Casagrande.
Foram para anunciar que o grupo liderado por Erick – incluindo aí Enivaldo e Marcelo Santos – iria antecipar a eleição para fevereiro de 2020. Casagrande ponderou, mostrando ao jovem Erick sobre o casuísmo e que a população não iria aceitar tal precipitação desnecessária.
Em determinado momento da reunião, Enivaldo e Marcelo Santos saíram da sala, deixando apenas o governador e o presidente da Assembleia Legislativa. De novo, Renato Casagrande tentou mostrar a Erick Musso o risco que estaria proporcionando para a sociedade capixaba.
Erick Musso chegou a chorar. Casagrande, então, sugeriu a Erick que fosse descansar, mas antes conversasse de novo com seus aliados Marcelo Santos e Enivaldo dos Anjos sobre o assunto.
Conversaram e concluíram que, em vez de realizar a eleição em fevereiro – algo que já era anormal, atípico e antidemocrático –, fariam o processo da votação na manhã seguinte. Assim, a quarta-feira (27/11) começa com o processo da eleição, por volta das 8 horas da manhã, sem que os “donos” da Assembleia Legislativa proporcionassem aos demais deputados a chance de inscrever uma provável chapa para a disputa da formação da Mesa Diretora de 2021.
Erick Musso, de apenas 32 anos de idade, foi reeleito com os votos dos deputados Adilson Espíndula (PTB), Alexandre Xambinho (Rede), Alexandre Quintino (PSL), Danilo Bahiense (PSL), Lortenzo Pazolini (Sem partido), Hércules Silveira (MDB), Emílio Mameri (PSDB), Rafael Favato (Patriota), José Esmeraldo (MDB), Erick Musso (Repblicanos), Euclério Sampaio (Sem ,partido), Freitas (PSDB), Hudson Leal (Republicanos), Janete de Sá (PMN), Marcelo Santos (MDB), Marcos Garcia (PV), Marcos Mansur (PSDB), Raquel Lessa (Pros), Renzo Vasconcelos (PP), Torino Marques (PSDL) e Vandinho Leite (PSDB). Os seguintes deputados votaram contra a chapa: Fabrício Gandini (Cidadania), Iriny Lopes (PT), Luciano Machado (PV), Dary Pagung (PSB) e Sergio Majeski (PSB). O deputado Theodorico Ferraço (DEM) não votou.
O resto da história é que a sociedade em peso protestou contra. Apenas o Ministério Público do Estado do Espírito Santo disse que não poderá intervir por se tratar de um outro poder, que alterou a Constituição Estadual, por meio da PEC da Reeleição, aprovada na última terça-feira (26/11), que proporcionou o “golpe”.
Saiba Mais
A Mesa Diretora eleita para iniciar o mandato somente em 2021 tem a seguinte formação: Erick Musso (presidente), Marcelo Santos (1° vice-presidente), Torino Marques (2° vice-presidente), Adilson Espíndula (1° secretário), Freitas (2° secretário), Marcos Garcia (3° secretário), Janete de Sá (4° secretário).
Nota-se a presença do deputado Freitas na composição da Mesa Diretora. No entanto, ele ocupa o cargo de deputado porque é suplente do titular, Bruno Lamas, que atualmente é secretário Estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social.
Ocorre que em 2020 Lamas deixará a Pasta, provavelmente para se candidatar ao cargo de prefeito da Serra. Sendo assim, Bruno Lamas retornará à Assembleia Legislativa e Freitas ficará sem mandato. Portanto, quando a futura Mesa Diretora assumir o comando da Ales em fevereiro de 2021, depois de ter sido eleita agora, com mais de 400 dias de antecedência, a vaga de 2° secretário que seria de Freitas, passará para outro deputado.