O deputado estadual Lucínio Castelo de Assumção, o Capitão Assumção (Patriota), se dirigiu, na manhã desta quarta-feira (17/03), ao também deputado estadual Bruno Lamas (PSB) de modo agressivo. De dedo em riste, Assumção, que mais uma vez estava fardado na sessão ordinária da Assembleia Legislativa, se aproximou de Bruno, enquanto o parlamentar fazia um aparte na fala do líder do Governo, Dary Pagung (PSB), com palavras ofensivas. Bruno Lamas, no entanto, não ficou na defensiva e reagiu:
“Pare de apontar o dedo para mim. Não tenho medo do senhor. A sua farda não me mete medo. O senhor precisa de um tratamento psiquiátrico imediatamente”. Para alguns parlamentares, Assumção usa a farda dentro de Plenário indevidamente. Ele não é mais da ativa desde 2009. Está na Reserva Remunerada. Era do Quadro de Oficiais Combatentes.
Bruno e Assumção estavam na sessão presencial, que era presidida pelo deputado Marcelo Santos, que foi obrigado a chamar seguranças para dar proteção a Bruno Lamas. Outros parlamentares participaram da seção de modo remoto.
A revolta de Assunção se deveu ao fato de, na sessão de terça-feira (16/03), Bruno Lamas ter lido uma nota de repúdio à manifestação de um grupo de bolsonaristas realizada no último domingo (14/03) em frente à residência de Anna Venturim Casagrande, de 88 anos, mãe do governador Renato Casagrande.
Antes de se aproximar de Bruno Lamas, Assumção se pronunciou, afirmando que ele e os demais bolsonaristas, que foram à casa da mãe do governador Casagrande, não atacaram dona Anna. Afirmou ter se tratado de um “protesto pacífico”. Na mesma fala, ele criticou a nota de repúdio de Bruno Lamas.
O documento foi submetido ao Plenário e aprovado pela maioria dos parlamentares para ser publicado no Diário do Poder Legislativo (DPL). Os deputados Capitão Assumção e Torino Marques (PSL), por motivos óbvios, se manifestaram contrariamente ao documento: os dois participaram dos atos de ofensas à mãe do governador. Em momento algum na nota, Bruno Lamas citou o nome dos parlamentes que estiveram na casa da mãe de Renato Casagrande. A nota, porém, destacou que “o ato cívico teve palavras e atitudes agressivas e ofensivas, que avançaram sobre a intimidade e vida privada da vítima, causando-lhe violência psicológica”.
O documento lembra que a vítima é mulher e pessoa idosa, e cita a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
“Buscaremos sempre abolir a impunidade e acabar com todas as formas de violência praticada contra a mulher, como ocorreu no evento ocorrido no último domingo na porta da residência da senhora Anna Venturim Casagrande. Reiteramos que continuaremos lutando para que ações aflitivas como essa, que causam dor e sofrimento psicológico à mulher idosa, não continuem ocorrendo em nosso país”, diz a nota lida por Bruno Lamas.
Em sua fala anterior, Assumção se referiu várias vezes a Bruno Lamas com a seguinte frase, ao negar que ele e os bolsonaristas tenham ofendido a mãe do governador: “O deputado que me antecedeu”. Bruno reagiu: “O deputado que me antecedeu…Eu tenho nome, deputado. Me chamo Bruno Lamas Silva. Respeite a minha fala, que eu não tenho medo do senhor, não. O senhor está vendo fantasmas em pleno meio dia. Entre a sua palavra e a palavra do governador, eu confio na do governador”, afirmou Bruno.
Capitão Assumção vestiu a carapuça, mesmo sem ter sido citado por Bruno Lamas. Ele aproveitou que Bruno fazia uma aparte à fala de Dary Pagung e começou a xingar o colega:
“Assumção tem dificuldade de dialogar com as pessoas…Baixa o dedo que eu não tenho medo do senhor. Não citei seu nome na nota de repúdio. Não tenho medo do senhor, não. O senhor faz a pior oposição dentro de um Parlamento. Oposição destrutiva, que aponta o dedo para as pessoas, que agride a deputada Iriny Lopes (PT) a todo momento”, reagiu Bruno Lamas.
O parlamentar continuou respondendo aos ataques do Capitão Assumção:
“O senhor precisa de tratamento psiquiátrico, ter calma e um bom cardiologista. Sua farda, deputado, não nos assusta. É preciso agir sem dedo em riste, sem gritos, precisa ter calma, ter paciência. Aliás, este Parlamento tem paciência até demais com o senhor”.
Antes do ataque de Capitão Assumção a Bruno Lamas, a fala estava sob a responsabilidade de Dary Pagung. Ele elogiou a coragem do governador Renato Casagrande (PSB) pelas medidas de restrições anunciadas no dia anterior, para evitar uma calamidade na saúde pública, diante do crescimento da pandemia do novo coronavírus no Espírito Santo:
“Parabenizo o governador e o secretário Estadual da Saúde (Nésio Fernandes) pela atitude que tomaram. Atitude corajosa, que visa salvar vidas. Precisamos defender a economia, mas em primeiro lugar vem a vida. Sem a vida, só nos resta orar e pedir para ir para o céu”.
Para Dary Pagung, quem critica a quarentena em todo o Estado decretada pelo governador Casagrande “só vê um lado; o lado eleitoreiro”. Segundo ele, este não é o momento de eleição: “É o momento de defender vidas, não se trata de defender o bem e o mal. A decisão que o governador tomou foi difícil. Se ele esperasse mais 14 dias para tomar tal decisão, o que essa oposição iria falar?”