O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) possui um suporte de R$ 250 milhões para socorrer empresas em dificuldades neste momento de pandemia do novo coronavírus. É a maior linha de socorro emergencial do País, ao lado do Banco de Desenvolvimento de Santa Catarina (BADESC). Os dois Estados estão à frente de São Paulo, por exemplo, cuja carteira é de R$ 200 milhões. Além dos R$ 250 milhões, o Bandes possui em seu orçamento deste ano outros R$ 280 milhões para atender solicitações de financiamento.
Presidido por Munir Abud de Oliveira, o Bandes está passando por transformações que podem ser sintetizadas em quatro ações. A primeira delas foi dada pelo governador Renato Casagrande (PSB), que repassou ao banco os R$ 250 milhões do Fundo de Proteção ao Emprego, criado em 19 de março de 2021.
O ‘Fundo’ foi anunciado junto com outros programas, cujo objetivo é o de salvar empresas, empregos e os municípios capixabas diante dessa fase mais grave da pandemia da Covid/19.
Somente 15 Estados possuem programa idêntico ao do Bandes. Segundo reportagem publicada no dia 15 de abril deste ano pelo Valor Econômico, sem nenhuma proposta do Governo Federal, os Estados acabaram lançando linhas de crédito extraordinárias emergenciais destinadas aos micros e pequenos empreendedores, num total de R$ 1.708.000,00.
“O Espírito Santo aparece em primeiro lugar em relação ao montante destinado aos empreendedores, ao lado de Santa Catarina. O Bandes está à frente São Paulo, Pará, Amazonas, Goiás, Bahia, Ceará, dentre outros Estados”, comentou o presidente Munir Abud.
“O Bandes tem um papel fundamental em momentos como este que estamos vivendo. E temos que nos colocar na rota de apoio para todo o setor produtivo capixaba, socorrendo às empresas com alternativas de crédito facilitado, desburocratizado e que chegue a todo o Espírito Santo de maneira equilibrada e acessível. O Fundo de Proteção ao Emprego é para as empresas que precisam de um suporte para ultrapassar este momento”, enfatizou Munir Abud.
A linha atenderá empresas de todos os portes que foram prejudicadas pela pandemia. Essa linha de crédito terá a exigência de documentação simplificada, com financiamentos a juro zero, corrigidos apenas pela taxa Selic.
A segunda atuação do Bandes é que a instituição financeira vai funcionar com uma estrutura de Projetos de Concessão e Parceria Público Privada (PPP). O objetivo, segundo Munir Abud, é auxiliar Municípios e empresas na elaboração de projetos para melhoria de saneamento básico, resíduos sólidos e iluminação pública.
O terceiro programa indica que o Bandes fará a gestão do Fundo Soberano do Espírito Santo (Funses), criado em 2019 pelo governador Renato Casagrande e é lastreado com parte dos recursos arrecadados com a exploração de petróleo no litoral capixaba.
O Funses tem dois destinos: promover o desenvolvimento do Estado e gerar uma poupança para momentos de contingências fiscais, como o enfrentado agora com a Covid/19.
De acordo com Munir Abud, o Funses vai atuar com o Fundo de Reconstrução e Industrialização do Espírito Santo, tendo o Bandes uma participação como sócio investidor de futuros empreendimentos:
“É algo inédito no País. O Bandes vai virar acionista de empresas capixabas ou de empresas que venham de outros Estados se instalar aqui. Caso, é claro, as empresas queiram. É como o antigo Funres (Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo) estivesse sendo ressuscitado. A ideia é esta: revitalizar o antigo Funres para que o Estado volte a viver a industrialização dos anos 70 e 80”, afirmou o presidente do Bandes.
Em novembro de 2013, a então presidente da República, Dilma Rousseff, encerrou as atividades do Funres, criado pela União em 1969 para fomentar investimentos no Estado.
Outro passo a ser dado pela nova administração do Bandes, segundo Munir Abud, será a virtualização dos serviços da instituição financeira. Créditos poderão ser solicitados por meio da internet:
“A ideia é interiorizar e democratizar o acesso às nossas linhas de crédito. Em breve, todos os procedimentos poderão ser realizados virtualmente. Micro e pequenos empreendedores e empresários em geral não precisarão mais se deslocar de suas cidades para vir a Vitória realizar suas solicitações. Todos os processos também serão digitalizados”, explicou o presidente do Bandes.
Munir Abud está procurando incrementar seu ritmo de trabalho no Bandes. Ele chega à agência, localizada na avenida Princesa Isabel, no Centro de Vitória, todos os dias – segunda a sexta-feira – às 8 horas da manhã. O expediente, no entanto, começa às 10 horas – horário bancário. Ele deixa o banco às 20 horas. “Venho da iniciativa privada, que me ensinou a ser sempre o primeiro a chegar ao trabalho”, diz o presidente do Bandes.
Segundo Munir Abud, a missão que lhe foi dada pelo governador Renato Casagrande é a de mudar a cara do Bandes. “O objetivo é dar outro perfil ao banco. Trazer o Bandes para o protagonismo do desenvolvimento do Estado”, afirma o dirigente.
De acordo com Munir Abud, desde que o Fundo de Proteção ao Emprego foi criado, o Bandes já atendeu 332 clientes interessados em obter financiamento: “Em 2020, nossos gerentes de Negócios atenderam, em média, 4,5 clientes por mês. Agora em 2021, este número subiu para 14,5 clientes. São empresários, micros e pequenos empreendedores interessados na linha de crédito. Os recursos ainda não foram liberados, mas os processos de solicitação já estão em andamento”, informou Munir Abud.
“Estamos, efetivamente, atendendo às demandas das empresas. Para este ano, o Bandes já tem orçamento de R$ 280 milhões para empréstimo. Sem falar dos R$ 250 milhões do Fundo de Proteção ao Emprego”, concluiu Munir Abud.