A Polícia Civil do Rio está na caçada aos quatro assassinos do contraventor Fernando Iggnácio de Miranda, executado com tiros de fuzil na tarde de 10 de novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Existe a suspeita de que eles possam estar escondidos em Estados da Região Sudeste, inclusive o Espírito Santo.
Os quatro suspeitos já identificados e que têm prisão decretada pela Justiça são: policial militar Rodrigo Silva das Neves, o ex-PM Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o soldado PM Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro e o pistoleiro miliciano Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa. Existem rumores de que o grupo teria recebido cerca de R$ 3 milhões para matar Fernando Ignnácio.
Para a Polícia Civil, os bandidos foragidos costumam obter acolhimento por parte de outros milicianos que atuam fora do Rio, como Minas, São Paulo e Espírito Santo. Por isso, faz apelo para que as forças de segurança estaduais fiquem atentas à movimentação dos pistoleiros que mataram o contraventor carioca.
Cartazes com fotos do PM Rodrigo das Neves, do ex-PM Pedro D’Onofre, do PM Otto e do miliciano Ygor, o Farofa, estão sendo compartilhadas com as policiais de todo o País.
Na sexta-feira (27/11), acaba o prazo para que Rodrigo se apresente à Polícia Militar do Rio; caso contrário, passará a responder também a um processo de deserção.
A polícia acredita que os criminosos fugiram porque estão com medo de serem assassinados dentro da prisão, como vingança pela morte do bicheiro Fernando Iggnácio o como queima de arquivo – para não dedurar os mandantes:
“Lá fora, soltos, eles correm muito mais risco de serem encontrados por outros pistoleiros e serem mortos”, salientou um investigador da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da cidade do Rio. “Na cadeia, pelo menos, eles contam com a proteção do Estado”, completou.
Segundo a Polícia Civil, o PM Rodrigo das Neves é suspeito de participar de pelo menos mais 10 assassinatos. Se condenados pelos crimes, ele pode pegar mais de 200 anos de prisão.
Com base no monitoramento de câmeras de vigilância, os agentes rastrearam o deslocamento dos criminosos até o apartamento da namorada de Rodrigo em um condomínio residencial em Campo Grande, também na Zona Oeste, onde apreenderam quatro fuzis. Foram pelo menos 40 quilômetro percorridos até o local.
Os quatro fuzis apreendidos já se encontram em poder da Polícia Técnico Cientifica do Rio, para serem submetidos a exames de balística. Por meio dos exames, a DHPP poderá elucidar outros assassinatos cometidos por esse mesmo grupo.
Segundo a Polícia Militar, o ex-PM D’Onofre foi excluído da corporação por porte ilegal de arma, em junho de 2015, mas ele já era acusado de outros crimes, como homicídio.
O ex-soldado foi acusado de matar o taxista Carlos Paredes Dias Neto, em 2015, após uma briga num pagode, em Realengo. Na época, D’Onofre tinha 23 anos e já respondia a três Inquéritos Policiais Militares (IPMs), entre eles, um desacato a superior, em 2013. Mas o ex-PM foi absolvido pelo homicídio, depois de ter sido submetido a uma perícia que apontou ter psicose, apresentando delírios e alucinações.
Outro envolvido na execução do bicheiro Fernando Iggnácio, Ygor da Cruz é acusado de matar Kettelen Umbelino de Oliveira Gomes, de 5 anos, em novembro de 2019, atingida durante tiroteio no bairro da Zona Oeste. Na mesma área, em fevereiro de 2018, Ygor participou de um ataque a um homem que recebia atendimento numa ambulância no Hospital Albert Schweitzer.
Na noite de quinta-feira (26/11), a Divisão de Homicídios do Rio pediu à Justiça a decretação da prisão para o quarto suspeito de participar da execução do bicheiro Fernando Iggnácio.
Identificado há uma semana, Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro (foto) é policial militar da ativa em São Paulo e irmão de Pedro Emanuel D’Onofre, que também é suspeito do crime e soldado da PM do Rio.
(Texto atualizado às 17h13 de 27/11/2020)