As representações feitas pelo deputado estadual Euclério Sampaio ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo têm tirado o sono do governador Paulo Hartung (PMDB), que está de férias, e de seu vice, César Colgnago, que interinamente governa o Estado. Por conta das representações, o MPES já instaurou diversos procedimentos investigatórios contra autoridades do governo. Por conta das denúncias de Euclério Sampaio, o governo já demitiu dois dirigentes de autarquias: Renzo Colgnago, que presidiu a Prodest, e Andréia Pereira Carvalho, que, até quinta-feira (18/01), era a diretora-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
A exoneração da doutora Andréia Carvalho, que é advogada, foi anunciada por ela mesma e deverá ser confirmada no Diário Oficial do estado da segunda-feira (22/01). Com ela, saem também o diretor técnico do Iema, Décio Nora Ribeiro, e sua assessora jurídica, Alessandra Palmeira Nepomuceno.
Andréia Carvalho foi demitida do cargo pelo secretário de Estado do Meio Ambiente (Seama), Aladim Cerqueira, que, em nota enviada à imprensa, alegou “incompatibilidade no modelo de gestão” entre os dois dirigentes. Andréia ficou um ano meio no Iema e fez, segundo seus críticos, uma gestão voltada mais para os interesses das empresas poluidoras do que na defesa do meio ambiente.
Na verdade, a exoneração da doutora Andréia Carvalho se deu por ordem direta do governador em exercício César Colgnago, tudo combinado com Paulo Hartung. Ela caiu por ter sido alvo de denúncias do deputado Euclério Sampaio, que acusa a ex-presidente do Iema de estar “ligada a um esquema de corrupção, na área da Tecnologia da Informação, que seria comandado pelo secretário Estadual da Agricultura, Octaciano Neto, e pelo ex-diretor-presidente da Prodest, Renzo Colnago”, segundo Euclério Sampaio.
De acordo com o parlamentar, Andréia Carvalho seria sócia de uma advogada, que defende os interesses da mineradora Vale, que, por sua vez, teria sido beneficiada por um suposto esquema de irregularidades no Iema.
A história da saída da advogada Andréia Carvalho pode ter ligação com as denúncias de supostas fraudes no Conecta Meio Ambiente, um projeto do governo capixaba que surgiu a partir da Conversão de uma Multa Ambiental para a empresa Vale (Termo de Conversão de Multa nº 02/2016), por meio do processo nº 55502199.
De acordo com o deputado Euclério Sampaio, o projeto tem como objetivo a conversão dos valores correspondentes ao Auto de Multa nº 093/11 no valor de R$ 3.304.415,52 e que tem por objeto a “prestação de serviços de projeto de modernização na gestão e transformação de processos de negócio e sistema integrado de gestão pública, com foco no aumento de produtividade e inovação dos serviços do Sistema Estadual de Meio Ambiente (SEAMA/IEMA/AGERH), com aquisição de solução tecnológica que contemple gestão integrada de documentos e processos, modelagem, mapeamento, otimização, automação e implantação de processos, conforme condições especificações contidas no Termo de Referência e seus Anexos”.
Ao Gazeta Online, Andréia Carvalho nega as acusações feitas pelo deputado. Disse que, desde 2016, não é sócia da advogada citada por Euclério Sampaio e que no exercício da função pública não advogou para nenhuma empresa ou instituição. Ela nega também envolvimento com o sistema de tecnologia Conecta, mencionado na denúncia do parlamentar.
Diferente da doutora Andréia Carvalho, o administrador de empresas Renzo Colgnago foi sendo “fritado” dentro do governo até cair de vez. Ele havia assumido a presidência do Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo (Prodest) em janeiro de 2015. Fazia parte de “uma grande equipe” de “gente competente” do governador Paulo Hartung.
No entanto, em julho de 2017, ele foi exonerado da Prodest. Para não ficar “desamparado”, foi nomeado logo em seguida para o cargo de provimento em comissão de Assessor Especial Nível III – QCE01, da Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger), de onde foi exonerado em 26 de dezembro de 2017.
Renzo Colgnago caiu em desgraça depois das denúncias de supostas irregularidades na Prodest, apresentadas em Plenário da Assembleia Legislativa, pelo deputado Euclério Sampaio. Uma delas teria sido a contratação da empresa Alterna Telecomunicações Ltda, que já havia sido multada pelo próprio governo do Estado em R$ 165.517,60 por apresentar um documento falso para vencer uma licitação na Secretaria Estadual de Saúde em 2015.
Com a Prodest, a Alterna venceu um dos lotes para prestar “serviços de telecomunicações necessários à implantação, operação, manutenção e gerenciamento de uma rede IP multiserviços, incluindo todos os serviços, materiais e equipamentos necessários à conexão entre os pontos de acesso”. Esse fato ocorreu em abril de 2017.