O ex-governador Renato Casagrande (PSB) reagiu, na tarde desta quinta-feira (13/04), às informações de que teria tratado sobre repasse de dinheiro para campanhas eleitorais com a Construtora Odebrecht ou com qualquer outra empresa no Palácio Anchieta, durante o período em que governou o Estado, entre 2011 e 2014. Segundo ele, “as reuniões relatadas pelos delatores” à Procuradoria Geral da República sempre abordaram assuntos institucionais e de interesse do Estado. “Honrei e continuarei a honrar o povo capixaba e trabalho arduamente para que a legislação eleitoral deixe as regras mais claras a fim de legitimar a representação no Brasil”, garante Casagrande.
Em delação premiada, cujo teor foi liberado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-superintendente da Odebrecht em Minas Gerais e Espírito Santo, Sérgio Neves, revelou que fez contribuições de R$ 1,8 milhão ao ex-governador Casagrande nas eleições de 2010, 2012 e 2014.
Ele relatou que uma das reuniões para fechar o valor dos repasses aconteceu no Palácio Anchieta, em 2012, em um encontro entre Renato Casagrande, o próprio Neves, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior (o BJ), e Paulo Brusqui, assessor do então governador e responsável por receber o dinheiro.
Em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR), Sérgio Neves, que é ligado ao senador Aécio Neves (PSDB), disse que o primeiro pagamento a Casagrande ocorreu em 2010, em uma reunião no escritório da Odebrecht na Praia de Botafogo, no Rio.
Diante dos últimos fatos divulgados pela imprensa com relação à delação dos ex-executivos da Odebrecht envolvendo o seu nome, Renato Casagrande faz o seguinte esclarecimento:
“1) Nunca tratei de assuntos referentes à campanha eleitoral na sede do Palácio Anchieta com a Odebrecht, nem com nenhuma outra empresa; as reuniões relatadas pelos delatores sempre abordaram assuntos institucionais e de interesse do Estado;
2) Em 2010, fui ao Rio de Janeiro a uma reunião com o Superintendente da empresa, Benedito Júnior, para solicitar recursos para a campanha de governador, porém, não explicitei valor específico, como relatado pelo delator, muito menos que fosse por via ilegal;
3) Em 2012, não solicitei recursos para as campanhas do PSB ou aliados diretamente no Espírito Santo. Isso foi feito pela direção nacional do Partido, que arrecadou e repassou aos Estados.
4) Em nenhum momento houve, de minha parte ou da equipe, qualquer negociação referente a obras ou serviços no Estado, prova disso é que a empresa não fez nenhum contrato no meu período de governo.
5) Já solicitei o levantamento de toda documentação referente às prestações de contas das minhas campanhas e providenciarei as informações sobre a forma como foram efetivadas, até porque as delações misturam doações oficiais com outras supostamente não oficiais.
6) Esclareço que a administração financeira da campanha era realizada por equipe especialmente indicada para esse trabalho, que era responsável pela arrecadação, aplicação e prestação de contas dos recursos junto à justiça eleitoral.
7) Permaneço à disposição para novos esclarecimentos.”
“O que importa é o capixaba saber que o recurso recebido foi aplicado na campanha e as empresas que colaboraram não tiveram nenhum privilégio através da minha função como governador”, diz Casagrande
Mais cedo, em sua página no Facebook, o ex-governador Casagrande disse ainda que a lista do ministro Edson Fachin e a inclusão de nomes de capixabas estão sendo intensamente debatidas nesta semana. Casagrande ponderou mais:
“É bom que lembremos que até eleição de 2014 era a doação de empresas que financiava as campanhas eleitorais. A proibição desse formato só foi aprovada para a eleição de 2016 e agora o Congresso discute como será a regra para 2018. Já confirmei que o comitê eleitoral e o partido (PSB) receberam recursos da Odebrecht para as campanhas de 2010 e 2014 e que via Direção Nacional, a Direção Estadual, recebeu ajuda para as campanhas nos municípios em 2012”.
Casagrande afirmou ainda que o dinheiro recebido pelo seu partido, o PSB, foi devidamente legal e usado na campanha eleitoral, conforme estabelecia a legislação à época:
“Se essa era a regra (permissão de doação de recursos privados), o que importa neste momento é o capixaba saber que o recurso recebido foi aplicado na campanha e as empresas que colaboraram não tiveram nenhum privilégio através da minha função como governador. Honrei e continuarei a honrar o povo capixaba e trabalho arduamente para que a legislação eleitoral deixe as regras mais claras a fim de legitimar a representação no Brasil. Continuo inteiramente à disposição”, afirmou Renato Casagrande.