Em artigo enviado ao Blog do Elimar Côrtes, na noite de terça-feira (14/02), um policial militar lotado na Região Sul do Espírito Santo, pede a compreensão da sociedade capixaba para os momentos difíceis que a corporação está passando, enfrentando uma série de ataques por causa de um movimento de aquartelamento – de parte do efetivo – há 12 dias.
Manifesto de um policial militar
“Eu sou policial militar. Entrei na corporação e jurei te proteger mesmo com o risco da minha vida. Mesmo com o risco de deixar minha família desamparada. Mesmo com risco de meus filhos passarem fome. Mesmo com o risco de meus pais não mais me verem e carregarem essa dor até o fim de suas vidas.
Até hoje eu os protegi com muito amor a farda, com muito desejo em ter uma sociedade melhor. Sou falho como qualquer ser humano, mas eu também tenho bom senso e humanidade.
Mesmo não tendo segurança eu me viro e te dou segurança; mesmo não tendo boas viaturas eu ignoro os riscos e te atendo; mesmo tendo que ir sem colete eu vou te atender, te salvar, ou pelo menos te ouvir e te confortar, dizer que tudo está bem e vai ficar bem, mesmo não estando eu te passarei essa tranquilidade.
Não importa se minhas dívidas estão atrasadas, se meus familiares estão doentes ou se eu estou doente, eu vou colocar a minha farda e vou te dar a segurança que você tanto necessita.
Por muitas vezes eu já te vi estacionar em local proibido e você justificando que era rapidinho; falando ao celular quando você está dirigindo, e mesmo contra o que tenho que fazer eu me aproximo e te oriento sem te punir ou julgar, uso do bom senso para tentar te educar.
Muitas vezes eu adentro em matagais, rios contaminados, locais insalubres que ninguém entraria pra te socorrer. Nem mesmo um familiar seu, mas eu estou lá ignorando a realidade de pegar uma séria doença ou até mesmo correndo risco de vida, mas eu sempre estou lá.
Eu já fiz partos sem ser médico, eu salvei vidas sem ser Deus, eu já perdi a minha vida por você e meus companheiros também. E os que estão vivos vão continuar te protegendo…Não importa a condição, o estado de saúde, o tempo que está lá fora ou o perigo que vou enfrentar, eu sempre estarei lá para atender o seu pedido de socorro.
Mas agora, nós policiais militares, estamos pedindo socorro e você, enquanto sociedade, vira as costas para nós. Me deixa ser humilhado, acusado de coisas que não fiz e de todo tipo de coisa que é possível por um governo que já mostrou que não tem nenhum respeito pela população capixaba.
Nós, policiais militares, estamos há mais de 185 anos protegendo os capixabas e estamos pedindo o apoio de vocês nesse momento tão delicado.
Será que não temos nenhuma credibilidade nesses mais de 185 anos para vocês pesarem na balança do bom senso, dá compaixão, respeito a essa Polícia Militar tão massacrada que está 24 horas a sua disposição mesmo sendo criticada por todos?
Pensem bem capixabas…Somos capixabas como vocês, até outro dia éramos vizinhos, companheiros de trabalho, colegas de escola…Somos sangue capixaba como vocês e não iremos abandonar vocês a cada quatro anos, não iremos explorar vocês a cada quatro anos, nós sempre estaremos prontos a protegê-los a cada governo que venha.
Lembre-se que os governos passam a cada quatro anos, mas a sociedade capixaba e a Polícia Militar ficam…
E então: de que lado você está? Da sociedade capixaba e de quem a protege ou do lado daquele que te explora a cada quatro anos?
A Polícia Militar pede seu apoio…Não nos abandone.”
(Foto: Gazeta Online)