O governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, pediu às Forças Armadas reforço no contingente para as Olimpíadas, mas também para antes e depois dos Jogos, que acontecem em agosto. O número vai além dos 85 mil militares que já cuidariam da segurança do evento. O que está por trás desse pedido, no entanto, não é a alegação oficial do governador de que a Polícia Militar fluminense não dispõe de recursos humanos e logísticos para cumprir as demandas.
O que está por trás é a ameaça de um grupo de oficiais que pretende promover manifestações durante os Jogos Olímpicos, com bloqueios e intervenções das principais vias de acesso aos locais onde ocorrerão eventos esportivos. Em mensagens de áudio distribuída num grupo de WhatSapp, coronéis da Reserva Remunerada da PM e do Corpo de Bombeiros demonstram sua insatisfação com o governo do Estado, que, alegando falta de dinheiro, decidiu parcelar o pagamento dos servidores públicos cariocas, incluindo odos militares.
“Concordo com a ideia de impactar nas Olimpíadas, mas devemos fazer algo organizado e combinado. Se é para dar porrada, vamos dar. Eles (governantes) estão nos desrespeitando como homens e como chefes de família”, diz um coronel identificado como Arauto
Outro coronel, que se identifica como Robson Simas, relembra a famosa invasão, por parte de militares estaduais, ao Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio, em 1980: “Eu era 1º tenente e desci de Volta Redonda para participar daquele ato. Agora os tempos são outros. Sou radical e sei que alguma coisa tem de ser feita para causar impacto. Por isso, nosso ato tem que atingir as Olimpíadas. Temos que obstruir Vilas Olímpicas, mas precisamos divulgar nossos atos com antecedência. Podemos obstruir vias especiais, BRTs, parar tudo. Estão sacaneando com a gente”.
Um terceiro coronel reclama que os militares estaduais do Rio são hoje “cordeirinhos”. “Estamos sendo muito bonzinhos. Só queremos nosso pagamento. Não estamos pedindo favor; é nosso direito. Não podemos ficar como cordeirinhos. Não precisamos ter medo de ficar presos. Ficar preso é um cacete. Não podemos ficar aturando o comando e nem o governador. Alguém vai parcelar minha comida? Vão parcelar a luz de minha casa, o colégio de meus filhos? Não sou ladrão e nem safado. Safados são eles, que pegam nosso dinheiro. Eu trabalhei e tenho direito ao dinheiro. Tenho que pagar minhas contas”, desabafa.