O jornal A Gazeta traz em sua edição impressa desta segunda-feira (13/04) informação de quanto o governador Paulo Hartung (PMDB) é generoso com boa parte de seu secretariado. Para participar de apenas uma reunião a cada 30 dias em conselhos de 16 empresas públicas, autarquias e demais órgãos do Executivo Estadual, cada secretário recebe jeton de quase R$ 7 mil por mês. O salário de um secretário hoje é R$ 15,4 mil mensais.
Enquanto isso, a guilhotina do governador Paulo Hartung anda frenética na área de segurança pública, o que tem causado, sobretudo na Polícia Civil, uma inquietação entre todos os profissionais, principalmente os delegados de Polícia, que são obrigados a administrar crises.
O dinheiro que o Estado gasta de jetons com os secretários chega à marca de E$ 202.067,13 – um total de R$ 2,4 milhões por ano. Generosidade com alguns, massacre em cima de outros. Na Polícia Civil, a chefe da instituição, delegada Gracimeri Soeiro Gaviorno, tem amargado dias difíceis. Começou a encarar o maior desafio de sua vida ao aceitar o convite para comandar a direção da Polícia Civil. Não sabia ela que estava entrando em uma dividida perigosa.
Ao assumir o governo em 1º de janeiro deste ano, Paulo Hartung deu o tom: redução de custos de até 20% em todos os órgãos públicos, independente de sua importância e ou necessidade para a população. Na Polícia Civil, a Assembleia Legislativa aprovou, no final de 2014, orçamento de despesas correntes e investimentos no montante de R$ 29 milhões para 2015. Hartung entrou e mandou cortar quase R$ 6 milhões, reduzindo o valor para R$ 23.350.001,00.
Por mais contraditória possa parecer a história, esse valor é menor do que foi repassado pelo próprio Paulo Hartung em 2009, no terceiro ano de seu segundo mandato como governador do Espírito Santo: R$ 23.481.672,89. Entre 2009 e 2014, o Brasil amargou alta da inflação – o acumulado nos últimos seis anos chega a quase 35%.
Em seu último ano no segundo mandato, Paulo Hartung já havia aumentado o repasse para a Polícia para R$ 26.952.523,00. Já em 2011, no primeiro ano de mandato de Renato Casagrande (PSB), o governo reduziu o montante para R$ 24.126.398,00, mas aumentou posteriormente para R$ 27.886.135,00, em 2012; R$ 33.040.190,00 no ano seguinte; e R$ 28.500.417.02 em 2014.
Entre Paulo Hartung e Renato Casagrande, no entanto, há um abismo enorme quando o assunto é investimento na segurança pública. Em 2014, em seu último ano de mandato, Casagrande investiu R$ 149 milhões no setor. Mesmo com a inflação em alta, Hartung assumiu o governo e estipulou somente R$ 105.268.644,00 para este ano de 2015. Ou seja, uma redução superior a R$ 43.731.356,00.
De 2003 a 2010, período em que governou o Estado, Hartung já havia demonstrado descaso com a área de segurança pública. Nos oito anos, investiu apenas R$ 310.368.064,33 no setor. Em quatro anos de governo, Renato Casagrande, que perdeu a reeleição para PH, investiu mais de R$ 570 milhões.
O dinheiro (pouco mais de R$ 202 mil por mês) que o governo gasta de jetons para seus secretários daria para pagar (R$ 214 mensais) os seguranças de empresa privada que faziam a vigilância de prédios da Polícia Civil. Com a suspensão do contrato, a vigilância passou a ser feita por policiais civis, que deixam de investigar crimes para atuarem como porteiros de prédios.