Os últimos dias foram de muita luta para os dirigentes da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). Junto com seus colegas da Federação Nacional da categoria, tiveram uma terça-feira (11/11) carregada. Foi quando o Senado aprovou a Medida Provisória 657/2014, que dá maior autonomia à Polícia Federal e reestrutura as carreiras dentro da instituição. Ao mesmo tempo, viram, mais uma vez, demais servidores do órgão protestarem, pois agentes, escrivães e papiloscopistas, por exemplo, buscam também suas reivindicações.
A semana que chega é também carregada de muita expectativa para os delegados. Esperam que a presidente Dilma Roussef sancione a MP 657/2014, criada pelo próprio Executivo Federal, e ainda apresentarão ao governo a lista tríplice de delegados como sugestão de escolha do futuro diretor-geral da Polícia Federal.
As dificuldades, entretanto, não abalam o presidente da ADPF, delegado federal Marcos Leôncio Ribeiro. Pelo contrário. Nesta entrevista ao Blog do Elimar Côrtes, ele mantém a serenidade e a responsabilidade com que um dirigente de classe em um País democrático deve ter como forma de respeito às decisões republicanas:
“…É uma sugestão à Presidência da República como forma de fortalecer ainda mais o caráter republicano da Polícia Federal como órgão de Estado. É uma tendência que se nota cada vez mais crescente nas instituições públicas. Nossa convicção é que cedo ou mais tarde isso naturalmente vai acontecer dentro do processo de desenvolvimento institucional da Polícia Federal”, diz ele sobre a expectativa da presidente Dilma aceitar a lista tríplice eleita pelos delegados federais como sugestão de nome para o futuro diretor-geral da PF.
Marcos Leôncio não acredita que o racha inicial instalado na Polícia Federal com a aprovação da MP 657/29014 vá prevalecer:
“A reação pontual de uma minoria dos policiais federais não encontra respaldo na maioria dos servidores…O tempo irá mostrar que a estabilidade institucional e pacificação interna serão resgatadas exatamente a partir dessa acertada decisão dos Poderes Executivo e Legislativo com relação à matriz de comando e responsabilidades que compete a cada cargo dentro da Polícia Federal.”
Blog do Elimar Côrtes – Qual a expectativa do senhor sobre a decisão da presidente Dilma a respeito da Medida Provisória 657/2014 (dá maior autonomia à Polícia Federal e reestrutura as carreiras na instituição), que acaba de ser aprovada pelo Senado? Acredita que ela vai sancionar?
Delegado federal Marcos Leôncio Ribeiro – A sanção será uma consequência natural de uma iniciativa legislativa da própria Presidência da República. A MP 657 é uma decisão da presidenta Dilma Rousseff que prestigia aspectos fundamentais para a organização e funcionamento da Polícia Federal tais como hierarquia e disciplina.
– Após a votação e aprovação da MP 657/2014 no Senado, ficou a impressão de ter aumentado o racha na Polícia Federal, já que agentes, escrivães e papiloscopista ficaram insatisfeitos. Como reverter essa situação e impedir que tal divisão prejudique a Polícia Federal?
– Ao contrário, essa reação pontual de uma minoria dos policiais federais não encontra respaldo na maioria dos servidores da Polícia Federal. O tempo irá mostrar que a estabilidade institucional e pacificação interna serão resgatadas exatamente a partir dessa acertada decisão dos Poderes Executivo e Legislativo com relação à matriz de comando e responsabilidades que compete a cada cargo dentro da Polícia Federal.
– Qual a posição da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal diante a decisão do ministro da Justiça, José Roberto Cardozo, de mandar a PF abrir sindicância para investigar delegados envolvidos na Operação Lava Jato que, por meio de redes sociais, teriam criticado a então candidata a Dilma Roussef, o ex-presidente Lula e feito campanha para o então candidato Aécio Neves? Como fica a liberdade de expressão das pessoas?
– Os delegados federais se dedicam à apuração de fatos. Por conseguinte, devem encarar com naturalidade esse tipo de procedimento (determinação do ministro da Justiça de investigar a conduta de delegados pelas redes sociais). Quem comanda investigações sensíveis sabe que isso é quase uma regra. Isso serve inclusive para mostrar a lisura da investigação. Mostrando que a condução foi feita com base na boa técnica onde a isenção profissional prevalece sobre eventuais opiniões e convicções pessoais.
– Qual sua expectativa em relação à lista tríplice que a ADPF ficou de entregar à presidente Dilma e ao ministro da Justiça sobre sugestão de nomes para dirigir a Polícia Federal? Qual vai seu a posição da ADPF se a Presidência da República não acolher a sugestão da entidade?
– Trata-se de uma contribuição. É uma sugestão à Presidência da República como forma de fortalecer ainda mais o caráter republicano da Polícia Federal como órgão de Estado. É uma tendência que se nota cada vez mais crescente nas instituições públicas. Nossa convicção é que cedo ou mais tarde isso naturalmente vai acontecer dentro do processo de desenvolvimento institucional da Polícia Federal.