Ex-secretário de Segurança Pública do Estado, ex-deputado estadual e atual prefeito de Vila Velha, Rodney Rocha Miranda (DEM) não é mais dos quadros da ativa da Polícia Federal. Ele se aposentou há pouco mais de um mês. Rodney Miranda ficou afastado – licenciado com vencimentos – da Polícia Federal por mais de 11 anos. Foi o período em que começou a sua história “de amor e ódio” com o Espírito Santo. Hoje, sem força na polícia que o projetou para o País, ele encabeça o grupo que apoia a candidatura do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) ao governo do Estado.
A aposentadoria de Rodney Miranda foi publicada no Diário Oficial da União no dia 2 de junho deste ano. Foi assinada pelo diretor de Gestão de Pessoal do Departamento Geral da Polícia Federal, delegado Delano Cerqueira Bunn.
“O DIRETOR DE GESTÃO DE PESSOAL DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, usando das atribuições que lhe são conferidas pelos incisos XIII e XVIII, do Artigo 32, do Regimento Interno do DPF, aprovado pela Portaria MJ nº 2.877, de 30.12.2011, publicada no Diário Oficial da União nº 1, de 2.1.2012, Seção I, pp. 36/44, e tendo em vista o que consta do Processo nº 08285.003679/2014-65, resolve: Conceder aposentadoria especial voluntária a RODNEY ROCHA MIRANDA, matrícula SIAPE nº 1293088, ocupante efetivo do cargo de Delegado de Polícia Federal, do Quadro de Pessoal do Departamento de Polícia Federal, com fundamento no artigo 1º, inciso II, a, da Lei Complementar nº 51, de 20 de dezembro de 1985, com a redação dada pela Lei Complementar nº 144, de 15 de maio de 2014, com proventos integrais e paridade correspondentes ao subsídio do cargo efetivo, de acordo com o artigo 38, alínea a, da Lei nº 4.878, de 3 de dezembro de 1965, c/c a Lei nº 11.358, de 19 de outubro de 2006, declarando, em decorrência, a vacância do cargo.”
Rodney Miranda foi agente e delegado da Polícia Civil do Distrito Federal durante 12 anos. Na Polícia Federal, foi chefe da Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes da Superintendência Regional em Brasília e trabalhou também na Coordenação de Repressão ao Crime Organizado e de Inquéritos Especiais, hoje Diretoria, e foi membro do Núcleo de Combate à Impunidade do Ministério da Justiça.
Foi secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo entre 2003 e 2005 e 2007 e 2010, secretário de Defesa Social do Estado de Pernambuco de janeiro a dezembro de 2006 e secretário Municipal de Defesa Comunitária de Caruaru de janeiro a abril de 2007.
Até antes de se aposentar, Rodney Miranda recebia só o salário de delegado federal, que é de R$ 22.805,00 – o topo máximo na instituição, já que ele era da categoria Especial –, pois, por força de lei federal, tinha que fazer opção. Como prefeito de Vila Velha, recebia ajuda de custo e aluguel do imóvel onde reside, que chegava a cerca de R$ 7 mil por mês.
Ao se aposentar, entretanto, ele permanece recebendo o salário integral de delegado federal e passa a ser remunerado também como prefeito, cujo vencimento mensal é de R$ 17.800,00.
A história de Rodney Miranda com o Espírito Santo é de amor e ódio. Amor, porque ele conseguiu promover um marketing pessoal muito forte quando era secretário. Vestia farda da polícia e ia para as ruas participar de blitz. Raramente permitia os delegados e oficiais da Polícia Militar de darem entrevista sobre resultados de ações policiais: as entrevistas tinham que ter ele na frente das câmeras.
Certa vez, a chefe de uma superintendência da Polícia Civil realizou uma operação policial em Venda Nova do Imigrante, que foi encerrada às 8 horas da manhã. Rodney Miranda ligou para ela dizendo que era para aguardar sua presença para apresentar à imprensa o resultado do trabalho.
Ele foi até a Delegacia de Polícia da cidade – que fica a duas horas de Vitória –, mas chegou somente às 18h30. Ficaram lá parados durante todo o dia o efetivo de policiais, os criminosos presos e os jornalistas que aceitavam se submeter aos caprichos do então todo poderoso-delegado-federal-secretário-de-Segurança. Poder que não existe mais – pelo menos na Polícia Federal.
A relação de ódio se deu porque sua gestão como secretário de Segurança, nos dos períodos do governo de Paulo Hartung, foi um grande fracasso. Não tinha política de segurança pública e amargou, em 2009, o maior índice de homicídios da história do Espírito Santo: 2.039 mortes.