Vejam que absurdo e retrocesso. O próximo concurso para soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que será aberto em janeiro, com previsão de 6 mil vagas, vai ser somente para homens. As mulheres não poderão se inscrever. A medida interrompe um ciclo na PM em relação à figura feminina na corporação, segundo informa em sua edição impressa desta quinta-feira (20/09) o jornal O Dia.
Ultimamente, a participação das mulheres na PM fluminense vinha aumentando, segundo a mesma publicação. Em 2009, foram abertas 200 vagas para elas — 5% do total. Já em 2010, o número mais que dobrou: 800 postos oferecidos (22%), sendo que 1.500 acabaram convocadas.
O chefe do Centro de Recrutamentos e Seleção de Praças da PMRJ, tenente-coronel Roberto Vianna, explicou ao O Dia que o grande rigor físico exigido para o cargo de soldado é a justificativa para que as mulheres sejam excluídas desta seleção.
Para o diretor pedagógico da Academia do Concurso, Paulo Estrella, a falta de estudos biométricos e de capacidade de carga dos equipamentos, no entanto, estaria atrapalhando a inserção delas na PM.
“O problema, segundo me relatou o tenente-coronel Vianna, é que a carga de equipamento que cada soldado transporta no treinamento e no dia a dia inviabilizaria a participação de mulheres. O que a PM se propôs a fazer é desenvolver um estudo do limite de carga para as mulheres para tentar conciliar a necessidade da atividade com o limite físico feminino”, afirma Estrella ao O Dia.
Especialistas em segurança e saúde divergem sobre o assunto. “O rendimento intelectual das mulheres é superior. No último concurso, dos 10 primeiros colocados, seis eram mulheres. Mas elas também têm mostrado valor operacional, principalmente nas UPPs”, comentou o coordenador de Comunicação da PM, coronel Frederico Caldas.
“Concordo (com a decisão da PM) em parte. Mas elas têm vida profissional mais eficaz quando exercem cargos de chefia, de comando”, opina o coronel Mário Sérgio Duarte, ex-comandante-geral da PM, de acordo com o jornal O Dia.
Paulo Storani, antropólogo, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), consultor de segurança e pós-graduado em Gestão de Recursos Humanos, que comandou a primeira turma de oficiais femininas em 1983, acha que as PMs ‘são capazes e já conquistaram seu espaço na corporação’. “É irreversível. Essa decisão é momentânea”, ressaltou.
Altamiro Bottino, fisiologista do Botafogo, que avalia o funcionamento corporal dos jogadores, por sua vez, é enfático.
“É uma decisão acertada. Não é uma avaliação machista, mas realista. Os homens têm, em média, entre 10 e 15 kg de massa muscular a mais que as mulheres, e sete quilos a mais de estrutura óssea. Isso faz muita diferença”.
Mulheres da corporação estão indignadas. “É um absurdo. As mulheres comprovaram na prática que a PM precisa dos nossos trabalhos. Somos fundamentais, principalmente nas comunidades com UPPs, porque conseguimos fazer muito bem esse trabalho de polícia de proximidade. Temos um olhar diferenciado sobre a comunidade”, argumentou uma tenente de 30 anos.
Uma colega de profissão morreu num ataque na Nova Brasília, no Alemão, em julho. A soldado Fabiana Aparecida de Souza, 30, levou tiro no peito e não resistiu.
Mais informações no site de O Dia. Mulheres, protestem!. Que absurdo.
Aqui no Espírito Santo, o concurso para o Curso de Formação de Soldados não discrimina número de vagas por sexo. Os editais levam em consideração, primeiramente, o intelecto; depois, a parte física, cujos testes são iguais para todos; e, por fim, a investigação social.