Quando ainda era criança, ele foi um dos alunos do projeto Iesbem (Instituto Espírito Santense do Bem Estar do Menor) no Quartel. Tinha como objetivo retirar meninos de regiões de risco e levá-los a fazer uma espécie de estágio dentro de uma unidade da Polícia Militar do Espírito Santo.
O amor à vida militar começou cedo. Os anos se passaram e aquele menino foi crescendo. Terminou o antigo segundo grau e não teve dúvida: em seu primeiro vestibular, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), se inscreveu para o Curso de Oficiais da PMES. Foi aprovado e em 1992 iniciou o curso de oficias.
Hoje, aos 36 anos, aquele menino do projeto do Iesbem no Quartel é o major Márcio Luiz Boni, um militar querido e respeitado por praças e oficiais. Líder nato, o major Boni está se retirando temporariamente dos campos de batalha para iniciar outra guerra.
Acometido por uma doença, Boni teve que ser reformado prematuramente, mas sua fé e vontade de derrotar outro bandido – a doença – farão com que, num futuro breve, ele volte às fileiras da PMES.
“O sinônimo de inatividade para mim, neste momento, é apenas para fins legais. Eu não tinha como permanecer na PM e, ao mesmo tempo, fazer o tratamento médico. Mas não consigo parar. O Projeto Político, do qual faço parte, está a todo vapor. Tenho participado ativamente dos trabalhos da Federação Esportiva dos Servidores da Segurança Pública”, diz o major Boni.
Na última sexta-feira (27/05), Boni recebeu uma justa homenagem de companheiros de farda em uma churrascaria da Enseada do Suá. Lá estavam coronéis da PM e do Corpo de Bombeiros, tenente-coronéis, majores, capitães, subtenentes, sargentos, cabos e soldados.
Ou seja, militares da ativa e da reserva de todas as patentes estavam lá para homenagear aquele que é um verdadeiro guerreiro:
“Estamos aqui para homenagear um cara que é meu amigo desde criancinha. Crescemos juntos e chegamos juntos à PM. Esta homenagem é o nosso reconhecimento pelo grande trabalho que Boni vem prestando à segurança pública de nosso Estado”, disse o major Augusto, um dos organizadores do evento, que teve a participação de dirigentes de todas as entidades de classe dos policiais militares e dos bombeiros militares do Espírito Santo.
Augusto representou o comandante geral da PM, coronel Anselmo Lima. O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Fronzio Calheiro, esteve presente na homenagem e falou da importância de profissionais como o major Boni nas corporações militares:
“O major Boni honra a farda que veste. Ele é um orgulho para nossas corporações, pois sempre atuou com lisura, ética e competência. É com oficiais como Boni que poderemos melhorar nossas instituições”, afirmou Calheira.
O deputado estadual Josias Da Vitória, cabo da reserva da PM, deu seu testemunho: “Sou testemunha da competência e da importância do major Boni para a nossa PM. Pode acreditar, major: o senhor estará sempre conosco; o seu exemplo de dignidade e competência será seguido pela tropa. Parabenizo todas as entidades de classe dos militares capixabas pelo reconhecimento e homenagem ao major Boni”.
Uma das falas que mais provocaram emoção foi a do subtenente Araújo, presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos da PM e do Corpo de Bombeiros. Araújo lembrou do tempo em que Boni era seu estagiário na PM:
“Lembro-me quando o menino Márcio, hoje major Boni, começou fazendo estágio na PM. Anos mais tarde, o reencontrei dando para nós, militares, o curso de Direito Administrativo no Curso de Sargento. O senhor sempre estará em nosso coração”, disse Araújo.
O presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS/ES), cabo Jean Ramalho, lembrou da liderança política de Boni, que sempre lutou em favor de toda a categoria:
“Agradeço ao senhor por sua ajuda em todos os momentos. Tivemos memoráveis e saudosas reuniões, em que o senhor ajudou na formulação do novo plano de carreira dos militares. O senhor, major, estará sempre conosco e esperamos que volte logo ao nosso meio”, disse Ramalho, que completou:
“Agradeço pelo período que estivemos nas trincheiras das conquistas. Para nós, militares, o senhor estará sempre na atividade”.
Outros dirigentes de classe dos militares ressaltaram a liderança, determinação e garra do major Boni.
“O major Boni é um oficial que merece o respeito de todos os militares, do praça ao oficial. Sua garra, determinação e liderança sempre estiveram a favor da corporação”, ressaltou o capitão Assumção, que é suplente de deputado federal.
Boni ganhou uma placa em que os dirigentes de classe dos militares agradecem o seu trabalho em prol da Polícia Militar. Na placa, os dirigentes escreveram “Coronel Boni”, que é posto maior da PM. A placa foi entregue pelo 1° secretário da ACS/ES, cabo BM Alexandre Pereira.
Por fim, o homenageado agradeceu com um discurso aguerrido, que é a marca do major Boni. “Antes de tudo, agradeço a demonstração de carinho de todos os senhores e cito uma frase: ‘Nenhum de todos nós é tão forte quanto todos nós”.
Boni lembrou dos anos difíceis que a PM atravessou, principalmente na década de 90, quando os militares – praças e oficiais –, unidos, brigavam por melhores condições de trabalho:
“Era um período em que tínhamos que empurrar as viaturas nas ruas. Eu me lembro de quando cheguei à PM, como integrante do projeto Iesbem no Quartel. Fui criado dentro do quartel. Aprendi muito com o sargento Terras e outros policiais”, diz Boni.
“Falamos de sonhos a vida toda e posso garantir que nossas realizações nunca vão parar. Eu não morri ainda. Temos muito ainda para construir. Como militares, juramos defender a sociedade. Nós damos nossa vida para defender a população. O Projeto Político não morreu. A construção de um partido político da segurança não vai morrer. O sonho não morreu. Vou participar do processo da reorganização das eleições em 2012. Se tiver com saúde, vou disputar cargo no Clube dos Oficiais. A gente tem que participar da democracia como ela permite”, afirmou Boni.
“Agradeço a todos os senhores e fico feliz por essa homenagem. A minha inatividade é apenas para tratar da doença. Deus permita que as coisas acontecem quando colocamos nossa vida nas mão dele”, finalizou o major Boni.