Acusado de assédio sexual contra uma soldado da Polícia Militar do Espírito Santo, o ex-comandante do 9° Batalhão (Nova Venécia), tenente-coronel Carlos Rogério Gonçalves de Oliveira, confirmou em entrevista à TV Gazeta que manteve um caso amoroso com a mesma policial que o denunciou.
Gonçalves foi exonerado do cargo de comandante do 2° BPM depois que o Blog do Elimar publicou denúncias feitas pela Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS/ES) sobre seu comportamento à frente da unidade.
Na entrevista dada à TV Gazeta, Gonçalves, que estava vestido com uma camisa do Flamengo e de bermuda, disse que manteve um caso amoroso com a policial militar:
“Ela já passou várias noites comigo em um hotel, já pernoitou comigo em hotel e tomou café da manhã comigo em hotéis. Eu já dormi na quitinete dela, já freqüentamos barzinhos e restaurantes com outros amigos e eu já freqüentei a casa dos familiares dela”, afirmou o tenente-coronel Gonçalves, que, pelas novas normas estabelecidas pelo Comando Geral da PM, deveria estar de farda no momento da entrevista.
A soldado, no entanto, manteve sua versão inicial, de que por mais de um ano vinha sofrendo assédio sexual por parte do então comandante do 2° BPM, tenente-coronel Gonçalves, onde ela também está lotada.
Depois de recusar as supostas “cantadas” de seu então comandante, a soldado recebeu voz de prisão. Teria que ficar presa em uma unidade por 10 dias, por ordem de Gonçalves, mas acabou sendo liberada, depois de três dias, por determinação do Comando Geral da PM.
Na mesma reportagem da TV Gazeta, o diretor da Região Norte da ACS/ES, o soldado da reserva Luciano Márcio Nunes, reiterou as denúncias que a entidade fez à Promotoria Pública Estadual e ao Comando Geral da PM contra o tenente-coronel Gonçalves:
“Estamos denunciando o tenente-coronel por enriquecimento ilícito, abuso de poder, assédio sexual e por perseguição a policiais militares. Em um ano à frente do 2° BPM, ele transferiu, de maneira irregular, mais de 40 policiais para outras cidades”, disse Luciano Márcio.
“A ACS/ES repudia esse tipo de atitude”, completou o dirigente classista.
A soldado que teria sido vítima do assédio sexual informou à TV Gazeta que há outros casos também de assédio:
“O assédio sexual que eu sofri era do conhecimento de todo mundo dentro do Batalhão”, revelou a soldado.
Sem a farda de oficial, o tenente-coronel Gonçalves agradeceu à TV Gazeta por ter sido, segundo ele, o primeiro veículo de imprensa a procurá-lo para se defender das acusações.
Disse que está saindo de férias e que vai viajar com seus familiares “de cabeça erguida”. Explicou que as transferências de militares para outras unidades aconteceram por diversos motivos, como “indisciplina e por interesse dos próprios policiais”.