Já passavam das 3 horas da tarde e o repórter de um jornal de São Mateus, Região Norte do Espírito Santo, dava início a entrevista após um almoço em um hotel de Vitoria: “Senador, se reeleito, o que o senhor vai levar de melhoria para São Mateus?”
O senador em questão é Magno Malta (PR-ES). Ele para, olha e pensa antes de responder: “A obrigação de qualquer parlamentar é levar melhoria para seu Estado”. O repórter insiste: “Mas, senador, e aquela estrada federal que liga Nova Venécia a Ecoporanga?”.
Magno Malta olha para outro jornalista, como se estivesse pedindo ajuda para tentar explicar ao jovem jornalista mateense que sua bandeira de luta vai muito além das fronteiras do Espírito Santo: “Minha luta é pela vida, jovem!”.
Instigado por outro colega para provocar Magno Malta para falar de um tema nacional de interesse da população de São Mateus, que é a divisão dos royalties do pré-sal – em que o Espírito Santo, Rio e São Paulo poderão ser prejudicados com a mudança de lei no Senado –, o próprio Magno Malta emenda:
“Esta é uma luta nacional. Não podemos deixar, por exemplo, que a sede regional da Petrobras em São Mateus seja desativada só porque outra sede estadual está sendo construída em Vitória. Só para entender a importância da Petrobras na região, por mês a estatal paga a seus funcionários cerca de R$ 1 milhão de salários. Esse dinheiro tem que continuar circulando no comércio de São Mateus e municípios vizinhos”.
Esta é apenas uma síntese para explicar porque o senador Magno Malta, que disputa a reeleição, seja, talvez, o único político capixaba a encarar temas polêmicas que envolvam, principalmente, a segurança pública. Em suas caminhadas pelo Estado, Magno Malta apresenta temas que, normalmente, amedrontam a classe política brasileira.
O senador tem deixado claro que é a favor de aplicar um plebiscito, a partir de 2011, para que a população decida se é a favor ou não da adoção da prisão perpétua no Brasil.
“Eu sou a favor da prisão perpétua para quem pratica a pedofilia”, informa Magno Malta. Outro tema em discussão pelo senador é a redução da maioridade penal:
“É inadmissível que um rapaz de 17 anos mate uma pessoa e cumpre, no máximo, três anos de condenação. Todos sabemos que um sujeito de 17, 16 ou 15 anos tem a mesma força de um homem de 18”, prossegue o senador.
Magno Malta apresenta também proposta para ajudar os governos estaduais a lutar contra o tráfico de drogas. Ele já conversou com o senador Renato Casagrande (PSB), candidato ao governo do Estado, para levar ao governo federal, caso seja eleito, uma proposta capixaba de criar a Polícia de Fronteira.
Esta polícia seria formada pela Guarda Nacional e atuaria em toda a extensão da fronteira do Brasil com demais países da América do Sul e Central. A guarda contaria com recursos dos estados, com a criação, segundo Magno Malta, do orçamento de fronteira.
O orçamento seria retirado de parte dos recursos dos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, dos estados da Amazônia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. O dinheiro serviria para financiar o treinamento da Polícia de Fronteira, a ser feito pela Polícia Federal.
“Já levei essa proposta ao presidente Lula e pedi ao Renato Casagrande levar também para a Dilma Roussef, caso ela seja eleita presidente da República. A Guarda Nacional hoje só serve como curativo. A guarda vai aos estados, cura o machucado, mas não cura o câncer, que é o tráfico de drogas. O tráfico de drogas e de armas tem que ser combatido nas fronteiras com outros países, porque é deles que vêm a cocaína, maconha crack consumidos no Brasil”, diz Magno Malta.
“A fiscalização nas fronteiras vai minimizar o trabalho das polícias nos estados”, completa o senador.
Pela ideia do senador Magno Malta, a Polícia Federal iria treinar pelo menos 500 policiais da Guarda Nacional, que teriam seu salário equiparado com agentes federais. Outra proposta é treinar um grupo de elite de agentes federais com o FBI (Polícia Americana), para atuar num presídio de segurança máxima no “coração da Amazônia”.
Segundo Magno Malta, o presídio iria abrigar os 90 maiores chefões do crime organizado do Brasil, que poderiam ser vigiados por câmeras de TV, em que a população brasileira poderia ter acesso por intermédio de um canal a ser disponibilizado pelo Ministério da Justiça.
“A própria família também poderia vigiar os presos”, explica.
A falta de uma política de valorização e melhoria da Polícia Federal é outro ponto apresentado por Malta em suas andanças. Ele critica a falta de investimento do governo federal em sua principal polícia, lembrando que a Argentina, que possui 32 milhões de habitantes, conta com 48 mil agentes federais. “Já o Brasil, com seus quase 200 milhões de habitantes, tem pouco mais de 16 mil agentes federais”, disse o senador.
Magno Malta é contra a descriminalização das drogas e até ironiza os políticos que defendem essa postura, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc.
“Bem, se um dia alguém chegar para o Carlos Minc e dizer que o motorista que dirige a van que leva o filho dele para a escola fuma maconha o dia todo e ele responder que está tudo bem, aí eu vou passar a ser a favor da descriminalização do uso da maconha”, diz Magno Malta:
“Se alguém chegar para o Fernando Henrique, quando ele estiver em Paris, e dizer que o piloto que vai trazê-lo de volta ao Brasil cheira cocaína durante todo o voo e ele responder que está tudo bem, eu também vou ser a favor da descriminalização da cocaína”.
Abuso sexual contra crianças é também um dos temas discutidos por Magno Malta, que presidente a CPI da Pedofilia no Senado. Segundo ele – que já pediu a prisão de um ex-diretor do Banco Central pela acusação de abuso sexual contra uma criança e já deu voz de prisão até para monsenhores, padres e pastores –, o Brasil é hoje o maior produtor de pornografia infantil do mundo e o maior consumidor.
Aliás, o tema já rendeu a Magno Malta ameaças de morte, feitas por um servidor da Infraero, porque a CPI o acusou de pedofilia. Em seu contato com os jornalistas, Magno Malta mostrou um vídeo, que ele apresentou também para o presidente Lula, que flagra um ex-diretor do Banco Central fazendo sexo com uma menina de apenas 3 anos de idade. Esse ex-diretor, que está foragido do Brasil, já teve a prisão decretada pela Justiça de Brasília.
“Jamais vou me intimidar. A luta contra o uso e tráfico de drogas, a guerra contra a pedofilia, a briga pela redução da maioridade e a aplicação da prisão perpétua no Brasil vão continuar. Nada vai me intimidar”, garante Magno Malta.